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sexta-feira, 22 de julho de 2011

Europa salva a Grécia e os bancos com o dinheiro dos contribuintes


Os governantes europeus, reundidos ontem (21) em Bruxelas, decidiram aprovar um pacote de  109 bilhões de euros para cobrir o “rombo” da dívida grega. É um calote histórico que recebeu  o apelido de “moratória seletiva”. Tudo, para evitar que o Continente  inteiro fosse contaminado.
Setenta por cento de toda essa grana será fornecida pelos próprios governos, principalmente os da Alemanha e da França. Ou seja, dinheiro dos contribuintes será usado para tentar solucionar uma crise onde os banqueiros são os  maiores responsáveis.

As orígens
Os neoliberais são realmente impagáveis, além de cínicos e hipócritas, é claro. Durante trinta longos anos (desde a derrocada da extinta União Soviética) eles impuseram ao Mundo seus dogmas expressos na cartilha do Estado mínimo e obediência cega às leis do Mercado.
Toda vez que o Governo tentava intervir para evitar alguma distorção, eles gritavam: estão usando indevidamente o meu, o seu, o nosso dinheiro.  Se dependesse deles tudo ia ficando tudo por conta do Mercado, inclusive a minha, a sua, a nossa saúde.
O Setor Financeiro, evidentemente, deitou e rolou, sem peias  ou qualquer tipo de regulamentação. Promoveram, enfim, fantásticas e absurdas alavancagens (na verdade dinheiro fictício em caixa,  para investimentos sem lastro) através de espertas  “engenharias financeiras”. Estas espertezas consistiam em  abusar dos chamados derivativos, ou seja: emitiam-se papeis sem lastro (negociados no Mercado futuro) para garantir  papeis  sem lastro emitidos no passado.
Com isso criaram uma descomunal bolha especulativa que tomou conta do Mundo. As bolhas, como se sabe, um dia estouram. E essa bolha gigante estourou num certo dia de setembro de 2008, a falência do Lehmon Brothers, nos Estados Unidos. Em seguida começaram a pipocar bolhas  pontuais na Europa: Islândia, Irlanda, Portugal, Grécia,  Espanha , Itália e por ai vai.
Para salvar a economia e os bancos, Obama jogou a cartilha  neoliberal para o alto e  interveio firme no Mercado, enquadrando bancos e financeiras e até encampando a General Motors (um símbolo nacional), antes que ela caísse nas mãos de europeus  ou até de chineses.
A Europa demorou um pouco mais para cair na real, porque  supôs que seus problemas eram pontuais e não sistêmicos. Agora, entretanto, percebeu que  a enrascada  é de todos e vai pesar no bolso das duas principais  locomotivas da Zona do Euro, Alemanha e França.
A primeira ministra alemã, Angela  Merkel  (de centro-direita) em um momento de lucidez  resolveu, ao comprometer-se com a solução do problema grego,  exigir que os bancos participassem solidariamente dos prejuízos: “Vocês sãos os principais culpados disso, agora devem arcar com o custo da solução, disse ela referindo-se ao  iminente calote grego.  Calote, aliás, que eles  chamam, sofisticamente, de  “moratória seletiva”.
Os bancos aceitaram o “sacrifício”, (entram com 30% do total) mas querem garantias. Na verdade eles trocarão  títulos gregos prestes a vencer por outros de valor um pouco menor, mas com juros mais baixos e prazos bem mais alongados.
 A proposta final foi de La Merkel que  apresentou aos ansiosos dirigentes europeus (eles estiveram reunidos ontem (21) em Bruxelas para discutir isso) a idéia de reforçar o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (EFSF – na sigla em inglês) para ”garantir” o pagamento da dívida grega. O reforço, é claro, será efetivado com recursos públicos.
 Ou seja, se o governo grego não pagar, o Fundo reforçado arca com o prejuizo. E os banqueiros sorriem felizes, porque mais um vez serão salvos com o dinheiro do contribuinte, neste caso europeu. Ou como  os neoliberais  gostam de dizer: “o seu, o meu,  o nosso dinheiro”.

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