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sábado, 16 de março de 2013

PT e PSDB unidos pra manter a Assembléia Legislativa de São Paulo inoperante

Optar entre PT e PSDB é escolher qual lixo fede menos.

Acho que fedem igual.

Esse trecho mostra como PT e PSDB tornam a Casa inútil:


"Em 2012, mais de 80% dos projetos aprovados pelos deputados tiveram pouca relevância, como a instituição de datas comemorativas. Nos últimos anos, Alckmin vetou quase 90% dos projetos propostos pelos deputados. No momento, constam mais de 600 vetos que ainda não foram votados, e não há nenhuma previsão de que isso vá acontecer. Por outro lado, a esmagadora maioria dos projetos aprovados é de autoria do próprio Palácio dos Bandeirantes.  
A influência do governo também atinge o poder de investigação da Casa. Atualmente, todas as CPIs que estão em funcionamento não afetam o governo e são chamadas de “cosméticas” pela oposição."

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Texto completo:


São Paulo

Com apoio do PT, tucano é eleito presidente da Assembleia de SP

Samuel Moreira recebeu 90 dos 91 votos; PT optou por manter acordo e continuar no comando da poderosa primeira secretaria da Casa

Jean-Philip Struck
O deputado estadual Samuel Moreira
O deputado estadual Samuel Moreira (PSDB), novo presidente da Assembleia paulista (Divulgação/Alesp)


Sem surpresa e com o apoio da bancada do PT, o deputado Samuel Moreira (PSDB) foi eleito na tarde desta sexta-feira para a presidência da Assembleia Legislativa de São Paulo. O tucano recebeu 90 dos 91 votos dos deputados presentes. A unanimidade foi quebrada pela candidatura do deputado Carlos Giannazi, do PSOL, que, a exemplo de eleições anteriores, votou em si mesmo. Três deputados se ausentaram.
Nas últimas semanas, Moreira, que substituirá o também tucano Barros Munhoz na presidência, se recusou a dar entrevistas para divulgar seu projeto para a Assembleia. Segundo sua assessoria, ele optou por se concentrar em costurar apoios.

Mas, assim como sua eleição era previsível, nenhuma suspresa deverá ocorrer durante seu mandato à frente da Casa. Deputado desde 2006, Moreira foi nos últimos dois anos líder do governo Geraldo Alckmin na Assembleia e deve dar continuidade ao processo que tem marcado o funcionamento da Casa nos últimos dezoito anos: a acomodação com as decisões do Palácio dos Bandeirantes. Além de representar a continuidade, a eleição de Moreira também marca a durabilidade do acordo entre PT e PSDB, que detêm as maiores bancadas na Casa.

Como já havia acontecido em sete das oito eleições nesses últimos dezoito anos, os petistas trocaram o apoio a um tucano na eleição pelo controle da primeira secretaria da Casa, a mais cobiçada por controlar recursos humanos e finanças. Ênio Tatto, irmão do secretário municipal de Transportes de São Paulo, Jilmar Tatto, será o sucessor de Rui Falcão na cadeira.
Para a segunda secretaria, responsável pelas licitações da Casa, foi eleito o deputado Edmir Chedid, do DEM.

Histórico - Nascido em Minas Gerais, o novo presidente da Assembleia tem 50 anos e base eleitoral em Registro, cidade de pouco mais de 50.000 habitantes do sul do estado. Eleito deputado em 2006, Moreira havia comandado anteriormente a subprefeitura de São Miguel Paulista, na Zona Leste da capital, durante a gestão do tucano José Serra (2005-2006). Ele assume uma Assembleia marcada por baixa produtividade e uma série de decisões que desmoralizaram a imagem da Casa.

Em janeiro, nas últimas semanas da gestão do presidente Barros Munhoz, o Ministério Público conseguiu uma liminar para acabar com o auxílio-moradia dos deputados, que chegava 2.250 reais mensais. Alguns parlamentares recebiam o privilégio mesmo morando a poucas quadras do prédio da Assembleia. No mesmo mês, a Casa também foi criticada por uma licitação para a compra de novos veículos para os 94 deputados. A licitação levantou suspeitas de direcionamento devido às especificidades apresentadas no edital, que previa a aquisição de 150 veículos apenas três anos após uma compra similar. Alguns dos veículos adquiridos anteriormente seriam trocados com menos de 1.000 quilômetros rodados. Em fevereiro, a licitação foi suspensa indefinidamente.

Morosidade - A imagem pública da Assembleia também sofre críticas de inoperância dos deputados. Em 2012, mais de 80% dos projetos aprovados pelos deputados tiveram pouca relevância, como a instituição de datas comemorativas. Nos últimos anos, Alckmin vetou quase 90% dos projetos propostos pelos deputados. No momento, constam mais de 600 vetos que ainda não foram votados, e não há nenhuma previsão de que isso vá acontecer. Por outro lado, a esmagadora maioria dos projetos aprovados é de autoria do próprio Palácio dos Bandeirantes.

A influência do governo também atinge o poder de investigação da Casa. Atualmente, todas as CPIs que estão em funcionamento não afetam o governo e são chamadas de “cosméticas” pela oposição.

http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/tucano-e-eleito-presidente-da-assembleia-de-sp

domingo, 10 de março de 2013

[Documentário] A Revelação das Pirâmides


Documentário "A Revelação das Pirâmides" (uma das sete maravilhas do mundo) é uma obra que faz referências aos mistérios que envolvem a construção e as mensagens contidas nas grandes pirâmides do Egito. Muitas perguntas com respostas pouco convincentes, ou até mesmo confusas. Produzida por Wild Bunch, esta obra tenta pontuar as inúmeras questões que a humanidade tenta decifrar ao longo de décadas a respeito destas maravilhosas construções. Neste vídeo, traduzido para o português, você poderá ter uma breve ideia dos grandes mistérios que ainda assombram a humanidade sobre quem foram os construtores das grandes pirâmides.

Fonte: http://www.youtube.com/user/espectralraziel

Link pra lista de reprodução completa: http://www.youtube.com/playlist?list=PLMZIvuaglYbMfia_LwIAk-wPifFsksoBA

Obs.: na parte inferior do player há um botão para ativar as legendas.

sábado, 9 de março de 2013

Falando em democracia, veja pra que servem as UPPs no Rio

Essa eu dedico aos que acham que vivemos numa democracia

http://www.rodrigovianna.com.br/colunas/mundos-do-trabalho/truculencia-e-covardia-da-pm-em-cuiaba.html



Truculência e covardia da PM em Cuiabá


publicada sexta-feira, 08/03/2013 às 19:32 e atualizada sexta-feira, 08/03/2013 às 19:59


Por Pedro Pomar, colunista do Escrevinhador

Um protesto de alunos da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) por moradia estudantil, no dia 6 de março, teve como desfecho mais uma manifestação de brutalidade da Polícia Militar. Os estudantes realizavam um ato de trancamento da avenida Fernando Corrêa, principal via de acesso ao campus de Cuiabá, quando chegaram as Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas (Rotam), chamadas pela Reitoria da UFMT. Os PMs agrediram os alunos e fizeram diversos disparos de balas de borracha à queima-roupa.

Um vídeo registra o momento em que um rapaz, que conversava com os PMs e pedia calma, leva uma bofetada no rosto com tanta violência que é lançado no chão. Uma aluna teve um dedo quebrado por uma bala de borracha.



A PM deteve seis estudantes e também a advogada da Associação dos Docentes da UFMT (Adufmat), Ione Ferreira Castro, igualmente insultada pelos policiais militares. Numa entrevista coletiva realizada no dia seguinte, os alunos e a advogada


Advogada Ione Castro: desrespeitada e detida


anunciaram que vão processar o Estado e a Reitoria da UFMT. A Reitoria nega ter responsabilidade no caso e alega que populares é que ligaram para o 190. Mas, em nota oficial, a PM afirma que “a Reitoria da UFMT informou a PM do fato [o trancamento da avenida] e solicitou providências”.

A jornalista Keka Werneck, da Adufmat, entrevistou as pessoas agredidas e buscou os motivos do protesto estudantil reprimido pela PM. Reproduzo abaixo os principais trechos da sua reportagem, que mostra que no Brasil existe apenas um simulacro de democracia. Fatos como os ocorridos em Cuiabá, bem como ação semelhante da PM de São Paulo, que cegou uma jovem no bairro de Paraisópolis, atingida por bomba de gás, reiteram a urgente necessidade de desmilitarização das PMs e o fim da criminalização dos movimentos sociais.

“Batendo e atirando”
 

“A polícia já chegou batendo e atirando”, disse o estudante de Mestrado em Geologia Caiubi Kuhn, mostrando mais de 20 furos no peito, provocados por balas de borracha. Ao abrir a entrevista coletiva à imprensa, realizada no auditório da Adufmat, ele explicou que a moradia estudantil é essencial para a permanência, na universidade, dos alunos pertencentes a famílias de baixo poder aquisitivo.


Aluno Caiubi Kuhn: disparos à queima-roupa


Ainda sangrando na região próxima à virilha, a estudante de Ciências Sociais Viviane Mota, do Diretório Central dos Estudantes (DCE-UFMT) contou, na coletiva, que levou um tiro de bala de borracha a uma distância de menos de 2 metros.

Depois de ser alvejado com um tiro de bala de borracha na coluna e imobilizado por pelo menos oito policiais, um dos estudantes presos durante do protesto, Sérvulo Neuberger, que faz Comunicação Social, foi algemado e levado de camburão para o Centro Integrado de Segurança e Cidadania (Cisc) Planalto. Os outros cinco detidos demoraram para chegar lá.

Walter Aguiar foi um dos algemados e levados no camburão. “Fomos amplamente reprimidos nesse trajeto”, afirma o estudante de Engenharia Elétrica. “Nos chamaram de vagabundos e fizeram assédio psicológico. Falaram que iam nos matar e nos torturar. Nos deixaram trancados, por mais de uma hora, no camburão, debaixo do sol”.

Uma bala de borracha lesionou o terceiro metacarpo da mão esquerda da estudante de Agronomia Bruna Matos. “Isso só resolve com cirurgia, conforme o laudo de ortopedista. O Estado provocou isso aqui; o Estado vai ter que consertar. Estou escrevendo monografia, como fico? E se for irreversível?”

Causa do protesto
 

A causa do protesto é a falta de assistência estudantil na UFMT. Hoje o programa de moradia para universitários, que se chama Casas do Estudante Universitário (CEU), engloba cinco residências e 50 vagas. Acontece que a UFMT construiu uma casa dentro do campus de Cuiabá, com 64 vagas. E, sem avisar formalmente aos contemplados, rescindiu os aluguéis, na intenção de transferir todos para o prédio recentemente inaugurado.

Representando os moradores das casas estudantis, a universitária Laís Caetano afirmou que o protesto só ocorreu porque foram vencidas todas as possibilidades de diálogo. “Fiquei sabendo extraoficialmente, no dia 5 de março, que no dia 22 vou ter que sair da casa onde moro. Ora, mas isso é uma falta de respeito. Pelas nossas contas, não haverá vagas para todos, como diz a Reitoria. Nós somos 50 e já tem gente com vaga garantida na casa nova. Isso sem falar nos 635 calouros de baixa renda que estão para entrar no próximo semestre”.

A advogada Ione Ferreira Ferreira Castro, da Adufmat, afirma que foram desrespeitadas prerrogativas que sua categoria tem para exercer a profissão, como o direito de acompanhar os clientes na lavratura do Boletim de Ocorrência. “Bati na


Aluna Bruna Matos: dedo fraturado

porta para saber como estavam os estudantes, quando um mastodonte me mandou calar a boca e fechou a porta na minha cara. Mas quando eu ouvi um policial gritando que ia meter a mão em um aluno eu bati novamente, até porque os estudantes estavam lá dentro junto com dois presos fugitivos e um traficante. Mas, por ironia, só os estudantes estavam algemados; os outros não. Na hora que o policial ia fechar a porta novamente na minha cara, eu coloquei o pé e ele quebrou a porta em mim e falou que eu estava presa por desacato e por lesão ao patrimônio público”, relatou a advogada.

Ione foi vítima não só de coação, mas também de provocações: “Foi me mandando entrar e me jogando em cima da mesa. Me fez tirar tudo – brincos, anéis e deixar até a bolsa. Quando estava me qualificando, me pediu documentos e eu disse que não estava comigo. E ele retrucou: ah, então a senhora anda por aí sem documentos? Respondi que os documentos estavam lá fora, na bolsa. Olha a estupidez! Então, eu sou a prova viva do despreparo desses policiais. Eles têm preparo físico, mas não mental. Estavam no protesto para manter a ordem, mas eles que promovem a violência. Agora eu pergunto: esses PMs é que vão lidar com a gente na época da Copa? E nem digo somente na época da Copa, porque esses jogos serão passageiros. Pergunto se são esses PMs que estão andando aqui dentro da universidade?”

Outro advogado criminalista, Marco Antônio, foi detido junto com ela, simplesmente por reforçar junto a prerrogativa que o advogado tem de acompanhar o cliente. A Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Mato Grosso emitiu nota de repúdio à truculência policial. A advogada Carla Rocha, que na entrevista coletiva representou a OAB, disse que o caso será denunciado à Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública, para que isso não volte a ocorrer. “De certa forma, a Ordem foi ferida”.

A professora de Ciência Política Juliana Ghisolfi, da UFMT, destacou a correlação entre situações semelhantes que se repetem por conta da truculência da Reitoria, da Polícia e do sistema. Primeiro, lembrou da adesão ao ENEM como porta única de ingresso na UFMT, que implica a vinda de muitos estudantes do interior e até de fora do Estado. Porém, a Universidade não se preparou adequadamente para receber tantos alunos mais de fora. Ghisolfi citou ainda o caso do universitário africano Toni, assassinado em 22 de setembro de 2009 e que não tinha assistência estudantil. A UFMT também é acusada de ter sido omissa no caso Toni. “Essa Reitoria é assim, não ouve estudante, não ouve professor, não escuta ninguém. Acontece que há interesses muito maiores em jogo, é uma disputa de poder”.

Durante o protesto um jornalista, que estava cobrindo o fato, quase foi agredido pela PM, confundido com um manifestante.

Leia aqui a nota da PM-MT sobre o episódio.

A UFMT emitiu nota dando a versão oficial sobre o problema de moradia estudantil.

O Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso emitiu nota de repúdio à conduta irresponsável da Rotam.

Pedro Pomar é jornalista, editor da Revista Adusp e doutor em ciências da comunicação.

[Vídeo] Sociedades Secretas e Dialética Hegeliana - "Skull and Bones": Como Funciona e Quais seus Objetivos

domingo, 3 de março de 2013

É isso o que o governo faz com o nosso dinheiro. Acorde, você é um escravo.


Por Oswaldo Coggiola 


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O governo criou uma fonte de recursos públicos para os bancos privados financiarem investimentos de médio e longo prazo, principalmente os destinados a bancar os programas de concessões de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos. Os bancos privados deverão pagar ao governo pelo acesso aos recursos uma correção baseada na TJLP (taxa de juros de longo prazo), hoje de 5% ao ano, muito abaixo da taxa “de mercado”. O formato da medida “atende pedido dos bancos privados”, anunciou o governo. Na prática, ele está acabando com a intermediação do BNDES. Os economistas “neoliberais” celebram aos brados a conversão do governo ao “credo (violento) do mercado”.


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Texto completo:

No início do ano pré-eleitoral (na verdade, já eleitoral) de 2013, todos os índices da economia brasileira apontam para a estagnação e o recuo. À queda, já anunciada, do PIB, veio somar-se agora o recuo industrial (o primeiro em uma década), o retrocesso do investimento por cinco trimestres consecutivos, o aumento do desemprego, que já afetava o setor industrial e agora se transmitiu para o setor comercial (sinalizando o fim do boom do consumo que foi a marca econômica e política do governo petista), o aumento da inflação (que teria superado 1% em dezembro passado, isto é, mais de 15% anual, se não mediasse a queda parcial das tarifas de energia - que irá reduzir em 28% o custo dos grandes consumidores e em 16% o dos pequenos e médios consumidores - e o adiamento dos reajustes de tarifa nos transportes), a queda do lucro bancário privado (- 5,3%) e o aumento (30% em média) das provisões contra calotes do setor financeiro, que lucrou R$ 27, 7 bilhões, com um total de... R$ 52 bilhões previstos para devedores duvidosos e inadimplentes. A Bolsa de Valores de São Paulo anunciou no início de 2012 que 45 companhias fariam ofertas públicas iniciais de cotização de ações (só três delas o fizeram). Em suma, um cenário de crise e recessão. O “remédio” do governo é a mesmice aumentada, ou mais e ainda mais do mesmo.

O setor de ponta da saúde pública brasileira, os hospitais universitários, por exemplo, estão sendo “assediados”, mediante “terrorismo social” (termos usados pelo procurador federal do Ministério Público do Trabalho) para ceder sua gestão ao setor privado mediante a Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares). O governo Dilma afrouxou todas as condições para a privatização (leilão) de 7500 quilômetros de rodovias, em nove lotes, aumentando de 6% para 14,6% a taxa de retorno garantido para as empresas participantes. Com esse presentão para o grande capital, pretende-se manter o programa de investimentos de R$ 250 bilhões em rodovias, ferrovias, portos e aeroportos. Sem falar em que o governo está hipotecando todas as reservas do pré-sal, como já foi feito pelo governo Lula, que entregou uma grande parte do pré-sal para a empresa OGX (Eike Batista).

Com a renovação das concessões de geração, transmissão e distribuição de energia, o governo pretende hipotecar o patrimônio público para reduzir a tarifa média de energia. Uma vez vencidas as concessões, elas deveriam ser integradas ao patrimônio público. A MP (decreto) 579 é uma tentativa do governo para utilizar aproximadamente 22 mil megawatts de usinas hidrelétricas e 80 mil quilômetros de vias de transmissão para tentar fornecer essa energia só pelo custo de operação e manutenção e, com isso, tentar reduzir a média tarifária, que sempre beneficiou os maiores consumidores. O governo diminuiu a tarifa média, só que quem mais consome energia no Brasil é o grande capital (industrial, comercial, agrário, financeiro). Qualquer benefício linear beneficia só os mais ricos e deixa de fora 2,5 milhões de pessoas que ainda não têm acesso à energia. 1.500 consumidores consomem aproximadamente 28% de toda a eletricidade brasileira, e eles compram energia a um preço aviltado, porque pagam apenas 20% do custo da energia, de não menos de cem reais o megawatt-hora (MWh). Esses consumidores pagam cerca de R$ 20 por MWh. E os apagões são cada vez mais frequentes, pois, sem recursos, a manutenção é pífia.

O governo, além disso, criou uma fonte de recursos públicos para os bancos privados financiarem investimentos de médio e longo prazo, principalmente os destinados a bancar os programas de concessões de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos. Os bancos privados deverão pagar ao governo pelo acesso aos recursos uma correção baseada na TJLP (taxa de juros de longo prazo), hoje de 5% ao ano, muito abaixo da taxa “de mercado”. O formato da medida “atende pedido dos bancos privados”, anunciou o governo. Na prática, ele está acabando com a intermediação do BNDES. O banco público recebia dinheiro do Tesouro e o repassava a bancos privados, cobrando uma taxa. Agora, os bancos terão acesso direto aos recursos. A nova fonte de água benta vai se somar aos R$ 15 bilhões de depósitos compulsórios que o BC já havia liberado para financiar investimentos. As instituições financeiras privadas poderão formar consórcios para ter acesso ao fundo de recursos públicos.

Os economistas “neoliberais” (tucanos ou não), escrachados durante uma década, celebram por isso aos brados a conversão do governo ao “credo (violento) do mercado”, na verdade o credo do subsídio público ao grande capital. “O governo saiu de seu labirinto”, anunciou o inefável economista tucano Mendonça de Barros, pois “passou a depender do capital privado para superar as limitações ao crescimento” (capital privado que, por sua vez, depende dos créditos públicos e do saque ao Estado mediante a especulação com títulos públicos). O governo federal já destinou dois terços dos recursos gastos em 2013 para juros e amortizações da dívida: apenas nos primeiros 35 dias de 2013 já foram gastos nada menos que R$ 145 bilhões com juros e amortizações da dívida, valor equivalente ao dobro dos recursos previstos para educação em todo o ano de 2013. Para 2013, estão previstos R$ 900 bilhões para a dívida pública, 20% a mais do que os R$ 753 bilhões gastos com a dívida no ano passado. Isto mostra que, apesar da propaganda oficial sobre a queda da taxa de juros, a dívida pública continua no centro da crise nacional. A parte do orçamento federal destinada para pagamento de juros e amortizações da dívida cresceu de 36,7% para 45,05%.

No Código Florestal, a expectativa do “veta tudo Dilma” não se concretizou, e o governo tem demonstrado que seu projeto não se restringe a uma ou outra área. Trata-se de um projeto global em favor do grande capital, adequando às formas de organização do Estado à crise. Aí se encaixa o projeto de Código Nacional de Ciência Tecnologia e Inovação, que teve a “contribuição” de fundações privadas de todo o país, há décadas empenhadas na privatização no interior das instituições públicas. Para pagar a dívida pública, houve nos dois últimos anos cortes no orçamento de 50 e 55 bilhões de reais, que, somente entre os anos 2010 e 2011, fizeram cair 16,2% o orçamento para ciência e tecnologia. Agora, para “remediar”, não só será permitida a transferência direta de recursos públicos para o setor privado, como se ampliará a possibilidade de as instituições públicas – as universidades, responsáveis por mais de 90% da produção científica do país – compartilharem seus laboratórios, equipamentos, materiais e instalações com empresas privadas, inclusive transnacionais. O Código permitirá ainda o acesso à biodiversidade pelos monopólios privados. Será permitido, sem autorização prévia, o acesso ao patrimônio genético e de conhecimento tradicional para fins de pesquisa. E também a extração do patrimônio para fins de produção e comercialização. Uma política de entrega nacional total.

A crise econômica não tem ainda reflexos políticos decisivos. Lula, finalmente, lançou a candidatura de Dilma Roussef à reeleição. As sondagens provisórias a situam em torno de 55% das intenções de voto, com pouco mais de 10% para o tucano Aécio Neves, e percentuais semelhantes para a oportunista Marina Silva (que está leiloando sua candidatura para alguma sigla ou coalizão; a ex-senadora e ministra foi recebida com gritos de “Brasil, urgente, Marina presidente” ao entrar em um teatro lotado na Vila Madalena) e para Eduardo Campos (PSB), até a data, no entanto, integrante da base aliada do governo. Ou seja, teríamos uma nova eleição plebiscitária, onde só estariam realmente em disputa alguns governos estaduais, São Paulo em primeiríssimo lugar (haveria cinco pré-candidaturas petistas, incluída a de Guido Mantega: a eleição de SP seria mais importante que a nacional...). As especulações eleitorais, a mais de um ano e meio de distância do pleito, vão com sede demais ao pote.

E não só por causa do cenário econômico de crise, nacional e internacional, mas também por causa da luta de classes, e da crise política. Uma plenária para organizar a luta pela negociação e contração coletiva no serviço público e em defesa do direito de greve no funcionalismo reuniu a 19 de fevereiro diversas entidades dos servidores públicos dos três entes federativos na Câmara dos Deputados. O evento contou com a presença de cerca de 600 participantes, das mais diversas categorias do serviço público. Teria sido melhor realizá-la num local sindical, num centro da luta de classes, mas algo foi feito. Os sindicatos portuários, vinculados à Força Sindical (que anunciou sua ruptura com o governo) e à Federação Portuária (CUT), por sua vez, anunciaram medidas de luta contra a privatização dos portos (que implicará em milhares de demissões). É claro que essas burocracias apenas ameaçam (para negociar alguma coisa), mas viram-se obrigados a abrir uma fresta por onde pode ser proposta e agitada uma política classista (não à privatização, garantia e estabilidade no emprego, reajustes salariais).

A crise do mensalão ainda não acabou, e vai marcar as composições eleitorais. Como disse candidamente Wladimir Pomar (ideólogo da “esquerda” do PT), o STF “aceitou a tese do mensalão, sem qualquer consistência objetiva, pois, se houvesse, teria que ter julgado a maior parte da Câmara dos Deputados”. Tal e qual. Genoíno e Zé Dirceu, para ele, “cometem um erro crasso ao pretenderem estabelecer uma relação das ações de repúdio aos procedimentos e às decisões do STF com o apoio e sustentação do governo da presidente Dilma, e com a luta pelas reformas política e tributária. E praticam um erro maior ainda ao pretenderem fazer com que o PT assuma, neste momento, como sua tarefa mais importante, a luta pela anulação das condenações. Esquecem que isto incluiria absolver também o escroque [Marcos Valério] que praticou inúmeros delitos comprováveis e colocar o PT no banco dos réus... Os filiados atingidos pela ação penal 470 não podem transformar sua situação numa síndrome partidária”. Xadrez para eles, portanto, para salvar o restante da Câmara dos Deputados e o PT, ou seja, a quadrilha toda.

A esquerda classista está metida no meio das mesquinhas especulações eleitorais, nas quais é só marginal. Uma política eleitoral classista, no entanto, só pode ser o resultado final (e secundário) de uma vigorosa política de frente única de classe para organizar as lutas em curso, e também as lutas potenciais (pelo salário, pelo emprego, pelo direito à organização) suscitadas pela crise do capital. Só assim a crise política dos “de cima” poderia ser aproveitada politicamente pelos “de baixo”. A primeira condição é superar o sectarismo autorreferente e autoproclamado com uma política de luta, de unidade e de independência de classe.

Osvaldo Coggiola, historiador e economista, é professor do departamento de História da USP.