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quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Um breve histórico da opressão inglesa no Irã





Escrito por Luiz Eça
Sábado, 17 de Dezembro de 2011

A invasão da embaixada inglesa por estudantes iranianos começou no século 19. Foi quando governantes corruptos permitiram que durante muitos anos a Rússia e a Inglaterra dominassem o Irã e explorassem sua economia.

O domínio da Inglaterra era tão grande que assumiu o controle direto de várias cidades. Por sua vez o governo do Irã era tão fraco que não podia nomear sequer um ministro sem a aprovação dos consulados inglês e russo.
E assim começou o ódio dos iranianos pela Inglaterra, que foi aumentando com base em novas ações da potência européia contra o país dos aiatolás.
O povo iraniano sempre se rebelou contra as concessões feitas às potências estrangeiras e, em 1906, uma revolução constitucional tornou o Irã uma monarquia parlamentarista. Mas os russos e os ingleses não se tocaram. Em 1907 impuseram um tratado que dava à Inglaterra o controle do sul, e à Rússia, do norte.
Em 1913, com a descoberta do petróleo, o frágil governo do Irã deu a uma companhia inglesa, a Anglo-Iranian, o monopólio da exploração dessa altamente rendosa fonte de energia.
Em 1919, a Inglaterra forçou um acordo que lhe deu o controle do exército, dos transportes, das comunicações e do tesouro do Irã.
Dois anos depois, um golpe militar, liderado pela Inglaterra, colocou no poder Reza Khan. Na ocasião, os ingleses usaram gases venenosos contra os iranianos rebeldes.
Na 2ª. Grande Guerra, o Irã declarou-se neutro, mas a Inglaterra e a União Soviética não aceitaram essa decisão. Precisavam garantir o suprimento de petróleo para o exército soviético, por isso invadiram e ocuparam o país. Durante a ocupação, os ingleses fizeram requisições forçadas de alimentos para seus soldados em quantidades tão grandes que provocaram fome na população iraniana.
Ainda nesse período, logo ao instalar-se no Irã, o exército inglês tratou de depor Reza Khan, pois perdera a confiança nele. E providenciou sua substituição por alguém mais dócil: seu filho, Mohamed Reza Pahlevi.
Terminada a guerra, com a saída dos exércitos estrangeiros, o povo do Irã voltou a lutar pela democracia. Em 1951, um governo parlamentar elegeu Mohamed Mossadegh, primeiro-ministro. Sem demora, ele nacionalizou a exploração do petróleo, reservando uma parte dos lucros para pagar as reivindicações da Anglo-Iranian, quando fossem justas.
O Irã ganhou então uma extraordinária fonte de recursos porque o país era um dos maiores produtores de petróleo do mundo.
A nacionalização empolgou o povo, que começou a sentir seus efeitos através das reformas sociais que Mossadegh começou a empreender.
Mas os ingleses não se conformaram em perder suas riquíssimas concessões. Convenceram a comunidade internacional a boicotar o petróleo iraniano, além de conseguirem a aplicação de duríssimas sanções econômicas, comparáveis às que o Irã está sofrendo hoje.
O Irã entrou em crise, mas resistiu. Como hoje está acontecendo.
Diante disso, Churchil convenceu o general Eisenhower de que a União Soviética acabaria tornando o Irã seu satélite.
Juntos, o MI6 e a CIA, os serviços secretos dos dois países, planejaram e executaram um golpe de estado contra o governo popular, secular e democraticamente eleito de Mossadegh.
O premier iraniano foi preso e o xá Reza Pahlevi assumiu poderes ditatoriais. Usou-os para passar o petróleo iraniano para a Brittish Petroleum, promover uma modernização de fachada e gastar fortunas em festas das mil e uma noites, cujas fotos provocaram admiração em todo o mundo. Menos no Irã, onde a SAVAK, a polícia secreta, prendeu e torturou opositores à vontade.
Enquanto isso, a Inglaterra, ao lado dos EUA, apoiava o governo do xá, com grandes verbas aplicadas especialmente na polícia e no exército. Ele chegou a iniciar um programa nuclear, negociando a importação de usinas e outros equipamentos.
Em 1979, uma revolução popular derrubou o governo do xá. O poder foi assumido pelo aiatolá Khomeini, que implantou um regime islâmico no país.
Pouco tempo depois, o exército do Iraque invadiu o Irã, iniciando uma guerra entre os dois países. A Inglaterra declarou-se neutra, impondo embargo à venda de armamentos. Mas fechou os olhos para a exportação clandestina de grande quantidade de armas, inclusive químicas, para o país de Saddam Hussein.
Nos últimos anos, os ingleses associaram-se aos países que impuseram sanções ao Irã, para forçá-lo a abandonar seu programa nuclear, que o Ocidente e Israel acusam de ser militar.
No mês passado, quando se divulgou as intenções do premier Netanyahu de atacar o Irã, a maioria dos governos ocidentais, inclusive o americano, manifestou-se contra a idéia. Já a Inglaterra ordenou a prontidão de parte de suas forças armadas, com o fim de apoiar eventuais ataques americanos.
E, mais recentemente, foi a primeira potência européia a empregar sanções contra o Irã, congelando ativos no valor 1,6 bilhão de libras.
Como se vê, a história das relações anglo-iranianas é marcada pela exploração, humilhação, fome e violências impostas pelo governo de Londres contra o Irã.
Sobram motivos para o povo iraniano ter a pior impressão dos ingleses. É um ressentimento que passa de geração a geração, que a Inglaterra não tem feito o menor gesto para procurar amenizar.
A invasão da embaixada inglesa pelos estudantes iranianos não passa de uma migalha comparada com o que o Irã sofreu da parte dos ingleses.

Luiz Eça é jornalista.

Website: www.olharomundo.com.br

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

1 Kassab + 37 vereadores = 200% de aumento

A Câmara de São Paulo aprovou no fim da noite desta quinta-feira o projeto de lei do prefeito Gilberto Kassab (PSD) que reajustou os salários do segundo escalão da prefeitura em até 236%.

A aprovação da proposta em segunda votação, por 37 votos a 11, às 23h45, teve a participação decisiva de Kassab, que articulou ontem para que a votação ocorresse, mesmo que fosse na madrugada.
O projeto era um dos que o prefeito considera prioritários para serem votados este ano. Kassab tem atualmente a mais ampla maioria no Legislativo desde que chegou ao cargo, em 2006. Ele sofre oposição somente da bancada do PT (11 parlamentares) e de alguns vereadores como Adilson Amadeu (PTB) e Aurélio Miguel (PR).
O aumento beneficia subprefeitos, secretários-adjuntos, chefes de gabinete e dirigentes de autarquias e fundações. O custo extra anual deve ultrapassar R$ 20 milhões, valor suficiente para construir cinco creches.
Em percentual, a maior alta será do salário dos secretários-adjuntos, que irá de R$ 5.455 para R$ 18.329. A gestão Kassab tem 29 secretarias.
Já os subprefeitos terão a remuneração elevada de R$ 6.573 para R$ 19.294 (193,5%). Existem 31 subprefeituras.

Os salários dos chefes de gabinete passarão de R$ 5.455 para R$ 17.364; e ajuste de 218,2%, enquanto os de superintendente de autarquia e presidentes de fundação irão de R$ 5.998 para R$ 18.329 (aumento de 205,5%).
Com os reajustes válidos a partir de janeiro do próximo ano, os ocupantes de cargos de segundo escalão passarão a receber mais que os vereadores, que ganharão R$ 15.031 a partir de 2012.
Neste ano, além dos vereadores, já tiveram reajustes salariais o próprio Kassab, a vice-prefeita Alda Marco Antonio (DEM) e 29 secretários.

CABIDE

Aurélio Miguel (PR), da oposição, disse que o reajuste serve para Kassab negociar cargos para o seu novo partido, PSD, e aliados eleitorais.
"É cabide de emprego. Kassab está aparelhando a prefeitura. Acho uma vergonha ele mandar um projeto com esses números", disse.
Já seu colega de partido, Agnaldo Timóteo, questionou o motivo de não ser extensivo aos chefes de gabinete dos vereadores. "Os nossos chefes de gabinete são inferiores aos da prefeitura?".
Para Adilson Amadeu (PTB), a principal questão nem é o reajuste. "A questão é saber se eles têm toda a competência que o município precisa. O que eu vejo é muita gente sem preparo."
Para o vice-líder do governo, Dalton Silvano (PV), e Carlos Apolinario (DEM), os salários pagos hoje são inadequados para os cargos.
"Não é aumento. É enquadramento dos salários nas reais responsabilidades daqueles cargos", diz Silvano.
"Cada subprefeito administra uma região com, em média, 400 mil moradores. Quantas cidades de SP têm 400 mil habitantes?", questiona Apolinário.
Já Wadih Mutran (PP) utilizou argumento diferente para defender o reajuste. "Temos de pagar bem para evitar o problema da corrupção nas subprefeituras", disse.
Quando enviou o projeto, em novembro, Kassab afirmou que o objetivo era ter bons nomes nos cargos. "É preciso tornar os salários mais atraentes e competitivos com a iniciativa privada."

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Famílias midiáticas estão na cola do Amaury. Saiba por quê

http://www.blogcidadania.com.br/2011/12/familias-midiaticas-estao-na-cola-do-amaury-saiba-por-que-2/


Há anos que o senhor X, vez por outra, fornece informações de dentro do ventre do dragão midiático. Ele trabalha em um desses prostíbulos dos barões da mídia. Mas, como muitos que ali ganham o pão de cada dia, garanto que não faz “programa”, pois se dedica tão-somente a tarefas decentes, o que o obriga a se manter longe da cobertura política.
As notícias que tenho para o jornalista Amaury Ribeiro Jr. não são boas – ainda que ele ao menos já intua o que revelarei, se é que não sabe mais do que vou dizer a seguir: está aberta a temporada de caça ao autor de A Privataria Tucana.
As redações da imprensa golpista enveredaram por uma busca frenética de elementos que possam ser usados contra ele devido ao fato de que agora que se sabe que a filha de Serra  também responde a inquérito a acusação de que o jornalista está sendo investigado por supostamente ter feito dossiê contra Serra no ano passado não basta para desqualificá-lo. É preciso mais. Bem mais.
Mas, enfim, o post não é só sobre isso. É, também, para explicar a razão pela qual a mídia quer distância do tema Privataria Tucana. E para que se possa entender por que, voltemos a diálogo travado em 1998 entre o então presidente Fernando Henrique Cardoso e o seu ministro das Comunicações, o Mendonça de Barros, no auge da privataria:
—–
Mendonça de Barros – “A imprensa está muito favorável, com editoriais…”
Fernando Henrique Cardoso – “Está demais, né? Estão exagerando, até.”
—–
A conversa, registrada em gravação, foi noticiada  aqui quatro anos depois, na coluna da ombudsman da Folha.
Essa conversa foi gravada ilegalmente, mas veio à tona à época e foi largamente reproduzida pela imprensa, tendo levado à queda do ministro. FHC jamais foi cobrado pela imprensa que disse que lhe era tão “favorável” que até “exagerava”. E exagerava mesmo. O apoio da mídia ao governo FHC foi escandaloso.
Enquanto isso, a mesma mídia dizia que o PT, agora na oposição, era adepto do “Quanto pior, melhor”. Hoje em dia, diz que a oposição está apenas cumprindo com seu papel “republicano”. Ou seja: o PT era inaceitável para Globo, Folha, Veja e Estadão até quando era oposição. O PT, para esses veículos, simplesmente não deveria existir. Deveria ser posto na ilegalidade.
Mas por que a mídia defendia – e continua defendendo – tanto a privataria tucana? Simples, porque enquanto publicava editoriais aos quais FHC e Mendonção se referiram naquelas gravações, tratava de fazer bons negócios com o que estava sendo vendido a preço de banana.
Veja a seguir, leitor, cada negócio que esses barões da mídia tão zelosos com o dinheiro público fizeram na época da privataria tucana enquanto a defendiam sem informar aos seus leitores que tinham interesse direto no que estava sendo doado pelo governo ao setor privado.
A família Mesquita, do Estadão, saiu do processo de privatização como sócia da empresa de telefonia celular BCP (atualmente, Claro) na região Metropolina de São Paulo. O Grupo OESP (Estadão) ficou com 6% do consórcio, o Banco Safra com 44%,  a Bell South (EUA) com 44% e o grupo Splice com 6%.
Já a família Frias, dona da Folha de São Paulo, aproveitou a liquidação da privataria para adquirir opção de compra de 5% do consórcio Avantel Comunicações – Air Touch (EUA) 25% e grupo Stelar mais 25% -, que ficou com 50% da telefonia paulistana, tendo a construtora Camargo Correa comprado mais 25% e o Unibanco os 25% restantes.
Finalmente, a família Marinho. Mergulhou fundo na Globopar, empresa de participações formada para adquirir parte da privataria, tendo comprado 40% do consórcio TT2, que disputava a telefonia celular nas áreas dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo, ficando o resto com a americana ATT, que comprou 37%, com o Bradesco, que comprou 20%, e com a italiana Stet, que se contentou com 3%.
Os Marinho também abocanharam o consórcio Vicunha Telecomunicações, que envolvia telefonia celular na Bahia e em Sergipe. A Stet (Itália) ficou com 44%, o Grupo Vicunha com37% e a Globopar e o Bradesco com 20%.
Abaixo, a tabela de participação de cada empresa no processo de privataria da telefonia, o apetitoso Sistema Telebrás, que os barões da mídia defenderam no Estadão, no Globo e na Folha sem informarem aos seus leitores que estavam envolvidos nos negócios que adviriam da venda de patrimônio público.
Quem quiser conferir melhor essa divisão do saque ao patrimônio público que o livro A Privataria Tucana denuncia, pode acessar o estudo “INVESTIMENTO E PRIVATIZAÇÃO DAS TELECOMUNICAÇÕES NO BRASIL: DOIS VETORES DA MESMA ESTRATÉGIA”. Não contém opiniões, contém fatos – quem comprou o quê durante o processo de privatização do governo FHC.
Como se vê, a mídia tem todas as razões do mundo para temer uma investigação que, para ser totalmente franco, deveria ter sido aberta pelo governo Lula no primeiro dia de 2003, tão logo o poder finalmente mudou de mãos no Brasil. Mas a grande maioria do governo do PT achou que evitaria uma guerra com a mídia e a oposição se prevaricasse e não investigasse nada.
Deu no que deu.

A Privataria Tucana

por Jorge Furtado em 11 de dezembro de 2011

Terminei de ler o extraordinário trabalho jornalístico de Amaury Ribeiro Jr., “A Privataria Tucana”, (Geração Editorial), o livro mais importante do ano. Para quem acompanha a vida política do país através de alguns blogs e da revista Carta Capital, não há grandes novidades além dos documentos que comprovam o que já se sabia: a privatização no Brasil, comandada pelo governo tucano, foi a maior roubalheira da história da república. O grande mérito do livro de Amaury é a síntese que faz da rapinagem, e a base factual de suas afirmações, amparadas em documentos, todos públicos. Como bom jornalista, Amaury economiza nos adjetivos e esbanja conhecimento sobre o seu tema: o mundo dos crimes financeiros.
 
A reportagem de Amaury esclarece em detalhes como os protagonistas da privataria tucana enriqueceram saqueando o país. De um lado, no governo, vendendo o patrimônio público a preço de banana. Do outro, no mercado, comprando as empresas e garantindo vida mansa aos netos. Entre as duas pontas, os lavadores de dinheiro, suas conexões com a mídia e com o mundo político.
 
Os personagens principais da maracutaia, fartamente documentada, são gente do alto tucanato: Ricardo Sérgio de Oliveira (senhor dos caminhos das offshores caribenhas, usadas pela turma para esquentar o dinheiro),  Gregório Marin Preciado (sócio de José Serra), Alexandre Bourgeois (genro de José Serra), a filha de Serra, Verônica (cuja offshore caribenha, em sociedade com Verônica Dantas, lavou pelo menos 5 milhões de dólares), o próprio José Serra e o indefectível Daniel Dantas. Mas o livro tem também informações comprometedoras sobre o comportamento de petistas (Ruy Falcão e Antonio Palocci), sobre Ricardo Teixeira e sobre vários jornalistas.
 
A quadrilha de privatas tucanos movimentou cerca de 2,5 bilhões de dólares, há propinas comprovadas de 20 milhões de dólares, dinheiro que não cabe em malas ou cuecas. O livro revela também o indiciamento de Verônica Serra por quebra de sigilo de 60 milhões de brasileiros e traz provas documentais de sua sociedade com Verônica Dantas, irmã de Daniel Dantas, do Banco Opportunity, numa offshore caribenha.
 
Alguns destaques do livro:
 
As imagens do Citco Building, em Tortola, Ilhas Virgens britânicas, gavetas recheadas de empresas offshore, "a grande lavanderia", pág. 43.
 
Sobre a pechincha da venda da Vale, na pág. 70.
 
Sobre o grande sucesso "No limite da irresponsabilidade", na voz de Ricardo Sérgio., pág. 73.
 
Sobre o MTB Bank e sua turma de correntistas, empresários, traficantes e políticos de várias tendências, e a pizza gigante de dois sabores (meio petista, meio tucana) da CPI do Banestado, pág. 75.
 
Como a privatização tucana fez o governo (com o seu, meu dinheiro), pagar aos compradores do patrimônio público, pág.171.
 
Como Daniel Dantas (de olho no fundo Previ, comandado pelo governo) usou sua imprensa para ameaçar José Serra, pág. 183.
 
A divertida sopa-de-nomes das empresas offshore, massarocas intencionais para despistar a polícia do dinheiro do crime, pág. 188.
 
Os grandes personagens do sub-mundo da política, arapongas que trabalham a quem pague mais, pág. 245.
 
Um perfeito resumo do que realmente aconteceu na noite dos aloprados, no Hotel Ibis, em São Paulo, pág. 282. 
 
Um retrato completo do modus operandi da mídia pró-serra na eleição de 2010, a partir da pág. 295.
 
Outro resumo perfeito, do caso Lunus, quando a arapongagem serrista detonou a candidatura de Roseana Sarney, pág. 314.
 
Sobre para-jornalistas que acabam entregando suas fontes e sobre fontes que confiam em para-jornalistas, pág. 325.
 
O índice remissivo e a quantidade de dados que o livro de Amaury apresenta já o tornaria uma peça obrigatória na biblioteca de quem pretende entender o Brasil. Mas "A Privataria Tucana"  também lança um constrangedor holofote sobre a grande imprensa brasileira, gritamente pró-serra, que é cúmplice, ao menos por omissão, da roubalheira que tornou o país mais pobre e alguns ricos ainda mais ricos. 
 
Imagine você o que esta imprensa  – que gasta dúzias de manchetes e longos programas de debate na televisão numa tapioca de 8 reais ou em calúnias proferidas por criminosos conhecidos - diria se um filho de Lula, Dilma ou qualquer petista fosse réu em processo criminal de quebra de sigilo bancário. Segundo o livro de Amaury (e os documentos que ele traz) a filha de José Serra é ré em processo criminal por quebra de sigilo bancário. (p. 278) 
 
O ensurdecedor silêncio dos grandes jornais e programas jornalísticos sobre o livro “A privataria tucana” é um daqueles momentos que nos faz sentir vergonha pelo outro. A imprensa, que não perde a chance - com razão  - de exigir liberdade para informar, emudece quando a verdade contraria seus interesses empresariais e/ou o bom humor de seus grandes anunciantes. Onde estão as manchetes escandalosas, as charges de humor duvidoso, os editoriais inflamados sobre a moralidade pública? Afinal, cadê o moralista que estava aqui?
 
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Alô revisão, alô Geração Editorial!
 
Nas páginas 326 e 327 há uma repetição de parágrafos: "Tanto Pimentel quanto Lanzeta passaram a receber telefonemas... (até) ... exigia entrevistas". Dá para corrigir na próxima edição.
 
 
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Neste vídeo, uma entrevista de duas horas com Amaury Ribeiro Jr, sobre o livro. Não o conhecia. Ele é um simpático (e está evidentemente exausto) jornalista, gordo, bastante suado, traz a camisa para fora da calça e exalta-se com facilidade. Parece ser muito inteligente, pensa mais rápido do que consegue falar e, por isso, gagueja bastante e tem dificulfdades para terminar uma frase. Mas às vezes engrena e mostra que conhece muito bem o assunto do seu livro, o crime de lavagem de dinheiro. O camera-man é um desastre mas a entrevista é imperdível.
 
 
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Trechos da entrevista de Amaury Ribeiro Jr. ao Terra Magazine.
 
Terra Magazine - Seu livro denuncia um esquema de corrupção que teria sido comandado por amigos e parentes do ex-governador José Serra. No seu entender, como isso funcionava?
 
Amaury Ribeiro Jr - Eu tô há 20 anos, como diz o próprio livro, vendo essas contas, rastreando tudo. Eu apurava matérias de direitos humanos, depois virei um especialista (em lavagem de dinheiro). O tesoureiro do Serra, o Ricardo Sérgio, criou um modus operandi de operar dinheiro do exterior, e eu descobri como funcionava o esquema. Eles mandavam todo o dinheiro, da propina, tudo, para as Ilhas Virgens, que é um paraíso fiscal, e depois simulavam operações de investimento, nada mais era que internação de dinheiro. Usavam umas off-shore, que simulavam investir dinheiro em empresas que eram dele mesmo no Brasil, numa ação muito amadora. A gente pegou isso tudo.
 
Terra Magazine - E como você conseguiu pegar isso?
 
Amaury Ribeiro Jr - Não teve quebra de sigilo, como me acusaram. São transações que estão em cartórios de títulos e documentos. Quando você nomeia um cara para fazer uma falcatrua dessa, você nomeia um procurador, você nomeia tudo. Rastreando nos cartórios de títulos e documentos, a gente achou tudo isso aí.
 
Terra Magazine - São documentos disponíveis para verificação pública então?
 
Amaury Ribeiro Jr - Não tem essa história de que investiguei a Verônica Serra (filha do ex-governador), que investiguei qualquer pessoa ou teve quebra de sigilo. A minha investigação é de pessoa jurídica. Meu livro coloca documentos, não tem quebra de sigilo, comprova essa falcatrua que fizeram.
 
Terra Magazine - Segundo seu livro, esse esquema teria chegado a movimentar cifras bilionárias então?
 
Amaury Ribeiro Jr.: Bilionárias, bilionárias. Esses tucanos deram uma sofisticação na lavagem de dinheiro. Eram banqueiros, ligados ao PSDB, formados na PUC do Rio de Janeiro e com pós-graduação em Harvard. A gente é muito simples, formado em jornalismo na Cásper Líbero, mas a gente aprendeu a rastrear esse dinheiro deles. Eles inventaram um marco para lavar dinheiro que foi seguido por todos os criminosos, como Fernando Beira-Mar, Georgina (de Freitas que fraudou o INSS), e eu, modestamente, acabei com esse sistema. Temos condenações na Justiça brasileira para esse tipo de operações. Os discípulos da Georgina foram condenados por operações semelhantes que o Serra fez, que o genro (dele, Alexandre Bourgeois) fez, que o (Gregório Marín) Preciado fez, que o Ricardo Sérgio fez.
 
Entrevista integral em:
http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI5511127-EI6578,00-Livro+de+jornalista+acusa+Daniel+Dantas+de+pagar+propina+a+tucanos.html
 
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Aqui, trecho da matéria e entrevista com Amaury Ribeiro Jr., feita por Luiz Carlos Azenha, do site Viomundo.
 
8 de dezembro de 2011 às 21:41
 
Exclusivo: Leilões, arapongas e o poder de Serra
 
Por Luiz Carlos Azenha
 
(...)
 
O livro de Amaury trata de questões espinhosas. Para os não iniciados, nem sempre é simples seguir o caminho do dinheiro.
 
O jornalista focou em alguns personagens importantes das privatizações e do PSDB:
 
Ricardo Sérgio de Oliveira, homem de confiança de Serra, ex-funcionário do Citibank, ex-diretor da área internacional do Banco do Brasil, que ajudou a ‘modelar’ a privatização da Telebrás e controlou, através de um aliado, João Bosco Madeiro da Costa, a Previ, Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil, que teve um papel decisivo no processo; ex-tesoureiro de campanhas de Fernando Henrique Cardoso e José Serra.
 
Gregório Marin Preciado, casado com uma prima de José Serra; representou a empresa espanhola Iberdrola na privatização da Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia, a Coelba. É personagem de um milagre empresarial. Passou da falência à bonança graças a um tratamento extremamente ‘carinhoso’ do Banco do Brasil. Sócio de Serra na compra de um terreno em São Paulo, é vizinho da filha de José Serra, Verônica, em Trancoso, na Bahia.
 
Verônica Serra, “a mulher mais importante da internet brasileira”, segundo a revista Isto É Dinheiro.
(http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/14457_VERONICA+SERRA)
Amaury revela que Verônica foi indiciada… justamente por quebrar o sigilo fiscal alheio (acusação feita contra Amaury em 2010). O livro diz que a empresária mentiu sobre a Decidir.com, empresa em que foi sócia de outra Verônica, a Dantas. Num dos trechos mais saborosos, Amaury explica como o banqueiro Daniel Dantas usou a revista e Verônica para mandar um recado a José Serra.
 
(...)
 
Texto integral e áudio da entrevista em:
 
http://www.viomundo.com.br/denuncias/privataria-tucana-livro-de-amaury-r...
 
 
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Aqui, texto de Rodrigo Viana, do site Escrevinhador, que participou da entrevista de lançamento do livro:
 
Privataria Tucana
 
A fala de Amaury, o livro e a CPI
 
publicada domingo, 11/12/2011 às 22:47 e atualizada domingo, 11/12/2011 às 22:47
 
por Rodrigo Vianna
 
Participei da tuitcam com Amaury Ribeiro Jr, na última sexta-feira.* O autor (que é também jornalista) estava  um pouco exaltado no início do bate-bapo. Cheguei a pensar: a editora deveria ter preparado melhor isso, com um formato mais organizado, combinado com o Amaury como se portar. Depois, percebi que isso era fruto de minha cabeça “viciada” de TV.
 
Aquilo não era um programa de TV. Era um papo na internet. Amaury se mostrou como é: ele fala meio enrolado (como sabem todos os que convivem com ele), exalta-se facilmente, parece perder-se na miudeza dos fatos, mas de repente engata um raciocnio complicado sobre o sistema de lavagem de dinheiro – que conhece profundamente. E revela a grandiosidade da investigação que conduziu.  O Amaury é assim! A tuitcam serviu para mostrá-lo como é, sem retoques.
 
E é preciso entender o que o Amaury passou ano passado. A imprensa tentou trucidá-lo, transformá-lo num bandido. Ele, que tinha trabalhado nas principais redações do país, foi transformado no pivô de um história que o serrismo e seus parceiros da mídia usaram pra tentar virar a eleição.
 
Por isso, quando abri a conversa perguntando pro Amaury “quem é mais importante nessa história, Ricardo Sergio ou Serra?”, ele respondeu: “a imprensa, a mídia”.
 
O resultado das mais de duas horas de convesa com o Amaury foi um volume brutal de informações – que deve ter deixado ainda mais gente com vontade de ler o  já famoso “A Privataria Tucana”.
 
Ainda durante a tuitcam, soubemos da capa da “Veja” – com a denúncia contra petistas de Minas (oh, santa coincidência) que teriam encomendado arapongagens contra tucanos (pobrezinhos). Essa é a “Veja”. A capa foi o primeiro tiro de Serra no contra-ataque ao livro do Amaury.
 
O curioso é que, no bate-papo com os blogueiros Amaury tinha avisado que essa é uma prática do serrismo: quando se sente acuado, cria uma situação para desviar o foco das atenções; costuma acusar os adversarios daquilo que faz. Por isso, Serra (que segundo Amaury usa e abusa dos dossiês) passou várias semanas na campanha de 2010 acusando os adversários de prepararem dossiê contra ele. O contra-ataque na “Veja” parece seguir essa linha.
 
Nas próximas semanas, podemos esperar: campanhas de desqualificaçãos (mini dossiês contra Amaury e outros que tiveram a coragem de ajudar a preparar esse livro histórico), ataques contra setores do PT e contra o aecismo (que Serra acredita estar por trás de Amaury), mas também muitas novidades a partir do que o livro mostrou.
 
O “Tijolaço”, do Brizola, descobriu uma ponte entre a CITCO (paraíso das offshores de Ricardo Sérgio e de outros personagens citados no livro) e o filho de FHC.
http://www.tijolaco.com/do-paraiso-fiscal-ao-paraiso-sp-a-conexao-citco-phc/
 
Outro desdobramento: as reações no Congresso. O PT reagiu de forma um pouco discreta. Mas há vozes dissonantes (também em outros partidos) clamando por uma “CPI da Privataria”. Essa seria uma grande bandeira: CPI da Privataria!
 
Importante também seria algum parlamentar chamar Amaury e Ricardo Sérgio (além de Verônica Serra e Verônica Dantas) para depois no Congresso.
 
*Participaram da tuitcam, além desse escrevinhador: Azenha e Conceição (“VioMundo”), Emediato (dono da Geração, editora que lançou o livro), Fernando Brito (“Tijolaço”), Luiz (“Minas sem Censura”), Maringoni (“CartaMaior”), Miro (“Blog do Miro”), Luiz (“Minas Sem Censura”) Nassif (Blog do Nassif), Rovai (“Blog do Rovai” e revista “Forum”).
 
http://www.rodrigovianna.com.br/geral/a-fala-de-amaury-o-livro-e-a-cpi.html
 
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Aqui, a matéria de Leandro Fortes na Carta Capital sobre o livro “A Privataria Tucana”.
 
Para comprar o livro.
 
Aqui, no blog da editora, Geração Editorial:
http://bloggeracaoeditorial.com/2011/12/12/a-privataria-tucana-do-jornalista-amaury-ribeiro-jr/
 
Na Livraria Cultura:
http://www.livrariacultura.com.br/scripts/resenha/resenha.asp?nitem=3261598&sid=893212619131211848697664167
 
Na Siciliano:
http://www.siciliano.com.br/produto/3698464/a-privataria-tucana-col-historia-agora/3698464?ID=BD207E137DB0C0B17222C0729&PAC_ID=26948&FIL_ID=102
 
Na Skoob:
http://www.skoob.com.br/livro/206930-a-privataria-tucana
 
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Atualizado em 12.12.11:
 
Alô Mino! Finalmente a Carta Capital é citada no Estadão!
 
Alô Estadão! Verônica Dantas, sócia de Verônica Serra, filha de José Serra, é irmã de Daniel Dantas, e não sua filha.
 
O livro "A Privataria tucana" será um best-seller, a primeira edição de 15 mil exemplares esgotou em dois dias. Já deu para perceber que não será fácil silenciar sobre o assunto. Hoje, o Estadão fala do livro e cita finalmente, olha só!, a Carta Capital.
 
O texto do Estadão, pela primeira vez, que eu lembre, assume como verdadeiro o fato de que Verônica Serra, filha de José Serra, era sócia de Verônica Dantas, irmã (e não filha, alô Estadão!) de Daniel Dantas. O Estadão afirma que o livro de Amaury Ribeiro Jr. detalha as atividades da filha de Serra "na empresa que tinha em sociedade com a filha (sic) do banqueiro Daniel Dantas".
 
 
PSDB
 
09.dezembro.2011 16:36:31
 
Livro relaciona Serra a escândalo nas privatizações; autor foi acusado de quebrar sigilo de tucanos
 
estadão.com.br
 
Chegou nesta sexta-feira, 9, às livrarias o livro A privataria tucana, do jornalista Amaury Ribeiro Jr., que foi acusado de quebrar o sigilo bancário e fiscal de integrantes do PSDB e de parentes do então candidato José Serra. A obra relaciona o ex-governador de São Paulo a esquema de desvio e lavagem de dinheiro do Banestado, alvo de uma CPI nos anos 1990, e acusa o tucano de usar arapongas para espionar adversários políticos.
 
O livro relata bastidores da disputa entre Serra e o então governador de Minas Gerais, Aécio Neves, pela candidatura do PSDB à Presidência em 2010. O autor conta que, quando atuava como repórter do jornal O Estado de Minas, recebeu uma pauta encomendada pelo governo de Minas para que investigasse a vida de Serra. O pedido seria uma retaliação, segundo o autor, à produção de um dossiê contra Aécio por arapongas ligados ao tucano paulista.
 
Amaury afirma que investigou a suposta estrutura de arapongagem de Serra, mas a publicação do material foi cancelada após acordo entre os dois tucanos. Segundo o autor, Serra criou um centro de espionagem e montagem de dossiês na Secretaria de Segurança da Anvisa durante sua gestão à frente do Ministério da Saúde, no governo Fernando Henrique Cardoso, e manteve a equipe em atividade após sua saída da pasta.
 
Esquema. A privataria tucana afirma que o ex-tesoureiro da campanha de Serra e FHC, Ricardo Sérgio de Oliveira, diretor da área internacional do Banco do Brasil nos anos 1990, era o mentor de um esquema de propinas, desvios e lavagem de dinheiro envolvendo privatizações e paraísos fiscais. Amaury descreve detalhes sobre as operações financeiras realizadas por Oliveira através de empresas offshore nas Ilhas Virgens Britânicas.
 
O jornalista relaciona esse suposto esquema a outros, que segundo o livro teriam sido realizados pelo genro de José Serra, Alexandre Bourgeois, pela sua filha, Verônica, e por outras pessoas próximas ao tucano. Além disso, detalha as atividades da filha de Serra na empresa que tinha em sociedade com a filha do banqueiro Daniel Dantas.
 
Retaliação. Em entrevista à revista Carta Capital, que publicou trechos do livro, Amaury Ribeiro Jr. comentou as acusações de que teria sido o responsável pela quebra do sigilo fiscal de Verônica Serra e de políticos tucanos. O jornalista disse que o ex-governador de São Paulo  “tem medo” das revelações que faz em seu livro e que a acusação “foi uma armação”. “Pagaram para um despachante para me incriminar.” Amaury relata ter ouvido de fontes tucanas que “Serra ficou atormentado” ao saber da elaboração do livro. “Aí partiram para  cima de mim”, explicou.
 
http://blogs.estadao.com.br/radar-politico/2011/12/09/livro-relaciona-serra-a-escandalo-nas-privatizacoes-autor-foi-acusado-de-quebrar-sigilo-de-tucanos/
 
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Há muitos boatos circulando na rede sobre a apreensão ou proibição do livro. 
 
De um twitter, há 6 horas:
Explicando o que aconteceu hoje na livraria Cultura. Pedi a um vendedor que me desse "Privataria Tucana". Ele me disse que a livraria não venderia mais o livro, e que ele havia sido censurado. Quando perguntei o motivo, a resposta foi clara "o conteúdo". Aparentemente o que o vendedor me disse não era verdade. O livro está, sim, à venda (ao menos no site). Não sei porque o vendedor me disse isso, mas é, no mínimo, um sinal de que a alguém esse livro realmente incomodou.
 
Outros comentários informam (mas não é possível checar sua veracidade) que a venda do livro teria sido proibida em Minas Gerais. O deputado Protógenes Queiroz diz (em seu twitter) que o livro estaria sendo "escondido" em depósitos, há quem diga que o próprio José Serra teria tentado comprar todas os exemplares à venda numa livraria paulista, o que é patético demais para ser verdade.
 
Boatos à parte, o livro pode ser comprado também em sua versão digital, na Livraria Saraiva, aqui:
 
http://www.livrariasaraiva.com.br/produto/3710991/a-privataria-tucana-col-historia-agora/
 
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Aqui, trecho do comentário de Luciano Martins Costa no Observatório de imprensa;
 
 
PRIVATARIA TUCANA
 
O escândalo do século
 
Por Luciano Martins Costa em 12/12/2011 na edição 671
         
O livro do jornalista Amaury Ribeiro Jr, intitulado A privataria tucana, publicado pela Geração Editorial na coleção “História Agora”, está produzindo um estranho fenômeno na imprensa brasileira: provoca um dos mais intensos debates nas redes sociais, mobilizando um número espantoso de jornalistas, e não parece sensibilizar a chamada grande imprensa.
 
O autor promete, na capa, entregar os documentos sobre o que chama de “o maior assalto ao patrimônio público brasileiro”. Anuncia ainda relatar “a fantástica viagem das fortunas tucanas até o paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas”. E promete revelar a história “de como o PT sabotou o PT na campanha de Dilma Rousseff”.
 
Ex-repórter do Globo, originalmente dedicado ao tema dos direitos humanos, Ribeiro Jr. ganhou notoriedade no ano passado ao ser acusado de violar o sigilo da comunicação de personagens da política ao investigar as fonte de um suposto esquema de espionagem que teria como alvo o então governador mineiro Aécio Neves. Trabalhava, então, no jornal Estado de Minas, que apoiava claramente as pretensões de Neves de vir a disputar a candidatura do PSDB à Presidência da República em 2010.
 
Os bastidores dessa história apontam para o ex-governador paulista José Serra como suposto mandante da espionagem contra Aécio Neves, seu adversário até o último momento na disputa interna para decidir quem enfrentaria Dilma Rousseff nas urnas.
 
“Outro ninho”
 
Informações que transitaram pelas redes sociais no domingo (11/12) dão conta de que Serra tentou comprar todo o estoque de A privataria tucana colocado à venda na Livraria Cultura, em São Paulo, e que teria disparado telefonemas para as redações das principais empresas de comunicação do país.
 
Intervindo em um grupo de conversações formado basicamente por jornalistas, o editor Luiz Fernando Emediato, sócio da Geração Editorial, afirmou que foram vendidos 15 mil exemplares em apenas um dia, no lançamento ocorrido na sexta-feira (9). Outros 15 mil exemplares estavam a caminho, impressos em plantão especial para serem entregues às livrarias na segunda, dia 12, juntamente com o lançamento da versão digital.
 
Aos seus amigos do PSDB, Emediato recomendou cautela e a leitura cuidadosa da obra, afirmando que o trabalho de Amaury Ribeiro Jr. não é “dossiê de aloprado, não é vingança, não é denúncia vazia, não é sensacionalismo. É jornalismo”.
 
O editor indicou ainda aos leitores que procurassem informações no blog do deputado Brizola Neto (PDT-RJ), no qual, segundo ele, estariam as pistas de “outro ninho offshore na rua Bernardino de Campos, no bairro do Paraíso, em São Paulo. A investigação agora chega na família do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Vamos ver onde isso vai parar”, concluiu.
 
(...)
 
Os sites dos principais jornais do país praticamente ignoraram o assunto. Mas portais importantes como o Terra Magazine entrevistaram o autor. O tema é capa da revista Carta Capital, e não há como os jornais considerados de circulação nacional deixarem a história na gaveta. Mesmo que seus editores demonstrem eventuais falhas na apuração de Amaury Ribeiro Jr., o fenômeno da mobilização nas redes sociais exige um posicionamento das principais redações.
 
Se a carreira de Serra parece ter se chocado contra o iceberg do jornalismo investigativo, a imprensa precisa correr imediatamente para um bote salva-vidas. Ou vai afundar junto com ele.
 
http://observatoriodaimprensa
 
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Atualizado 12.11.11, 16:15
 
Há cada vez mais boatos sobre as dificuldades de comprar o livro. Parece que são só boatos.
 
 
do site da Carta Capital:
 
‘A privataria tucana’ vende 15 mil exemplares no 1º dia nas livrarias
 
Lançado na sexta-feira 9, o livro “A Privataria Tucana”, do jornalista Amaury Ribeiro Jr., que relata irregularidades durante o processo de privatizações de empresas públicas nos anos FHC, conseguiu a proeza de vender 15 mil exemplares no seu primeiro dia nas livrarias. A alta vendagem em tão pouco tempo pegou de surpresa tanto a editora que bancou a publicação, a Geração Editorial, quanto as principais megastores.
 
“Estamos imprimindo mais 15 mil. Subestimamos a demanda, mas o erro não foi só nosso. Algumas livrarias não estavam acreditando. Mas em uma semana o livro estará, de novo, em todos os pontos comerciais”, disse o editor Luiz Fernando Emediato, dono da Geração Editorial, ao site Brasil 247.
 
O esgotamento relâmpago do livro nas livrarias gerou o boato, difundido nas redes sociais durante o fim de semana, de que grandes livrarias, como a Cultura, estariam boicotando a obra após um pedido de José Serra, principal personagem do livro. CartaCapital entrou em contato com a Geração Editorial, que desmentiu a informação.
 
A Livraria Cultura também negou que pessoas ligadas a José Serra tenham tentado comprar todo o estoque do livro na unidade do Conjunto Nacional, em São Paulo, principal loja da megastore. Segue nota de esclarecimento da empresa: “A Livraria Cultura foi citada em matérias na internet sobre o livro Privataria Tucana, de Amaury Ribeiro Jr. (Geração editorial). Uma fonte não identificada da Livraria teria dito que houve uma tentativa de comprar todo o estoque do produto com o suposto objetivo de impedir que outros o adquirissem. Esclarecemos que tal fato não aconteceu.”
 

Fonte: