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sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Conheça o ciclista que “tomou um dedo” na capa da Folha e veja foto inédita da cena

do site Desculpe a nossa fAlha

ENSURA DA FOLHA À FALHA + O QUE NOS DER NA TELHA // ASSANGE E MTV, TAMO JUNTO

EXCLUSIVO: Conheça o ciclista que “tomou um dedo” na capa da Folha e veja foto inédita da cena

No alto, a imagem que revela o contraplano da foto que foi capa da Folha (abaixo)
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A cena é forte. Uma senhora mostra o dedo médio para um rapaz de bicicleta, sem camisa, que parece lhe pedir calma. Foto de capa da Folha de S.Paulo da última sexta-feira (25/11), a imagem era da passeata dos estudantes na USP na avenida Paulista que havia acontecido no dia anterior. Mais de 5 mil pessoas tomaram a via para pedir, entre outras reivindicações, a saída da PM do Campus e o afastamento do reitor João Grandino Rodas. A imagem espalhou-se pela internet rapidamente e retrata, de certa forma, o racha na cidade em torno dessa discussão que mistura estudantes da USP, invasão da reitoria, liberdade, polícia e preconceito. A fAlha achou Guilherme Folco, protagonista da foto. Recebemos também outra foto, de autoria desconhecida, que revela o outro lado da cena. É exatamente o mesmo momento da foto de capa da Folha, mas de outro ângulo. O músico, produtor e artista circense Guilherme, 32 anos, nasceu e foi criado na Mooca. E, diferentemente do que a Folha disse, não é estudante da USP, mas acha a discussão importante e por isso foi lá. Guilherme também trabalha, ao contrário do que afirmam centenas de comentários na internet –apesar de que, na opinião deste blog, o fato de a pessoa trabalhar ou não nada tem a ver com seu direito de protestar. A seguir, os melhores momentos da conversa com o homem:
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Você pode descrever o que acontecia naquele momento da foto?
Ela já estava mostrando o dedo geral, antes da minha chegada. Quando vi ela assim xingando todo mundo fui lá explicar que se tratava de um protesto para pedir a mudança do reitor, que falta diálogo com a reitoria, que o orçamento de R$ 3,6 bilhões da USP é suficiente para garantir a segurança sem depender da PM… Enfim, ela não escutou e só gritava “Vocês só querem fumar maconha, não querem estudar! Têm que sair e dar a vez pra outro!”. Fiquei mal de ver como é tão superficial o pensamento geral… eu só queria falar que ela estava equivocada, sendo mal influenciada… eu tentava argumentar que aquilo não era um “ato de vagabundo que queria fumar cannabis”, como ela dizia, aos gritos loucos.
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Outro momento do artista na manifestação

O que será que a deixou tão brava?… Ela era motorista, moradora da região?..
Não sei, de repente tava atrasada… vai ver ela assistiu Datena e o Jornal Nacional e chegou àmesma conclusão que a maioria dos paulistanos chega. É lamentável, mas entendo… se eu estivesse no ponto esperando o ônibus, de repente iria ficar puto também. E pode ser que a ela só reste assist ir TV, mas e aos jovens que se voltam contra os alunos e aprovam a ação da PM? Isso sim é muito triste!
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Como foi a repercussão da sua aparição na capa da Folha?
Eu estava num evento e recebi várias mensagens, afinal eu tava na capa da Folha e da Folha On Line, bombando no Face…
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Essa exposição te incomodou?
Sim, fiquei meio constrangido… já tinham me usado na Marcha da Liberdade, um áudio meu tocando foi inserido num vídeo da Folha e nem me pediram autorização. Agora me colocam como aluno da USP, sendo que não sou. Fiquei preocupado, curioso… mas meio feliz também… uma mistura. Mas fiquei triste de saber que eu tava ali botando a cara pra bater literalmente enquanto todos contra o movimento são acomodados. Me preocupei de verdade quando entrei na internet na manhã do dia seguinte e já tinha 469 compartilhamentos da notícia no Facebook [fora quem compartilhou só a foto etc] cheios de comentários rasos e reacionários, como se a causa dos outros não fosse a sua também. Ninguém quer sair da zona de conforto, mas isso tem que mudar, né?
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Muita gente disse que você é vagabundo e não trabalha por estar numa manifestação numa quinta à tarde…
Eu trabalho! Hoje mesmo daqui há pouco [domingo] estou indo trabalhar. Sábado trabalhei o dia todo num evento, e geralmente descanso na segunda. Faço meus próprios horários e às vezes tenho janelas em horários durante o dia, como na tarde da manifestação. Eu tinha acabado de fazer dois testes para publicidade, um de manhã e outro à tarde, quando encontrei com um pessoal seguindo pra lá. Como é uma causa que me interessa, engrossei o caldo.
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E você usa bicicleta sempre?
Só não uso se preciso levar muita bagagem. Senão, to sempre de bicicleta, máscara contra poluição e capacete. Naquele dia estava indo da Mooca pra Vila Mariana. De carro eu levaria quase meia hora a mais. Bike é o futuro! Temos que nos impôr na faixa da direita, fazer com que os carros desviem e não te atropelem. Há um medo geral pela violência dos motores, arrancadas, freadas e noticiários sanguinolentos, mas dá pra pedalar em São Paulo sim, é só se acostumar.
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O que você acha de interromper o trânsito na Paulista? Isso foi muito criticado…
Foi necessário, para haver um conhecimento geral da questão, mesmo que estejam levando para um lado negativo e pejorativo. É assim que se protesta, com um mínimo de provocação e fechamento da rua, pacificamente. Achei bem organizado e bem humorado, tinha até a “tropa rosa choque” [sátira a tropa de choque da PM]. Mas, vendo por outro lado, o que eu sempre tento fazer, se eu tivesse tentando pegar ônibus e tivesse 60 anos ia ficar bem p. da vida também. Até entendo aquela senhora, coitada… Mas foi necessário fechar a Paulista sim.
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Guilherme durante viagem à África do Sul, na Copa

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Você protestava pelo direito de poder fumar maconha livremente na USP, como disse aquela senhora e tantos outros?
Não, imagina… Não dá pra termos uma lei dentro e outra fora do Campus. Mas acho que a descriminalização é o futuro, diminuiria ou resolveria o problema. O mundo todo está voltado para uma nova visão na questão das drogas, o plantio caseiro reduziria o poder do tráfico, há muitos políticos falando disso. Mas essa é uma outra discussão.
Durante show no bar paulistano zé Presidente
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Você é filiado a algum partido político?
Não! Brasil Unido Governa sem Partido [repete uma das palavras de ordem da manifestação]. A corrupção começa com os partidos políticos e o financiamento de campanhas. Sou pela diminuição do Legislativo. Esse sistema bilionário de assessores, verbas e imunidade parlamentar não é eficiente e tem que mudar já!
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E o que você acha de tudo que aconteceu na USP recentemente?
Pra começar, falta segurança em qualquer lugar, e é inadmissível os roubos no campus e a morte de um aluno. A entrada da PM foi uma atitude emergencial, mas deveria ter sido avisado antes, e combinado, ter data marcada data pra sair. Isso porque a PM lá dentro, segundos os alunos, não ajuda em nada. Enfim… PM numa universidade? Isso é um absurdo, não existe!
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E você estuda ou já estudou na USP?
Além de músico, o rapaz é artista de circo
Não, nunca estudei. Mas, por conta de eventos de teatro, já fui várias vezes à USP, UFRJ, UFBA, Federal de Sergipe e algumas particulares. Mas estudei Artes Cênicas numa particular daqui de São Paulo, a Universidade São Judas Tadeu.
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Se você não é estudante da USP, por que foi no ato?
Passei ali perto por acaso, conhecia a questão e acabei indo. Acho uma causa nobre sim! Diferente da maioria dos paulistanos… Fui no protesto contra o código florestal e Belo Monte, sou contra a corrupção do sr. Kassab na Prefeitura… Estamos vivendo um caos no Brasil e no mundo, não falta motivo para protestar: tem problema no preparo da Copa, quedas de ministros, um coronel assassino no massacre do Carandiru assumindo o comando da Rota… Estamos perdidos e a população não tem coragem de fazer nada, só fica acomodada assistindo suas TVs criticando quem está nas ruas tentando mudar algo. Lamentável.

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