Thomas C. Mountain é ativista pela paz e editor. Em 1987 foi membro da I Delegação de Paz enviada pelos EUA à Líbia. Boa parte de sua vida foi passada na região, em missões na Eritréia, Somália etc. Há cerca de 25 anos acompanha os acontecimentos líbios e da região. Assim, Mountain coloca na mesa questões que aclaram muito além da falsificação da mídia grande que, agora, clama ser Gaddafi um ditador sanguinário e os resistentes, heróis no combate pela liberdade. Nem Gaddafi sempre foi execrável, nem os resistentes são anjos do bem.
Um ano antes, em abril de 1986, os EUA haviam bombardeado o complexo residencial de Gaddafi em Tripoli, ferido familiares e matado sua filha adotiva de 15 anos. Haviam bombardeado também um complexo residencial civil afastado de qualquer base militar, matando muitos moradores, a maioria crianças. Mountain cita que domingo dia 20 de março passado assistiu na TV a uma família líbia enterrando sua filha de três anos, morta pelos ataques dos EUA iniciados no sábado.
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A primeira medida dos rebeldes de Benghazi foi invadir as prisões de segurança máxima e libertar seus chefes, e assim passou-se a atacar contingentes e órgãos do governo. À parte Mountain, deve-se ter em mente que no Kosovo os EUA e a OTAN colocaram no poder os chefes da máfia e do tráfico regional, e que Hashin Thaçi, o homem no poder, é hoje acusado por corte da União Européia até mesmo de assassinar prisioneiros e adversários para traficar órgãos humanos.
O apoio de grande parte da população líbia ao ditador Gaddafi levou os EUA e alguns membros sempre fiéis da OTAN a atacar Gaddafi para evitar a derrota dos opositores baseados em Benghazi. À mídia grande coube o eterno papel de justificar as ações do império e ridicularizar o governante líbio de todas as formas. Inda mais que Gaddafi manda em boa parte do petróleo consumido pela Europa, o que o torna insuportável, pela sua independência, aos olhos dos governantes e das corporações de negócios.
As alegações são sempre as mesmas falsidades. Na hora líbia, o pretexto é “evitar a morte de civis nas mãos de Gaddafi”. Para tanto, acionam-se mísseis e aviões com bombas superpoderosas, que matam civis sem conta, omitidos convenientemente pela mídia grande. Assim, a única intervenção armada das forças ocidentais dá-se contra um governo que, entre as mais de dez odiosas ditaduras árabes, sempre foi o único que se opôs aos desígnios do império. Com o coro subserviente da mídia grande. É de dar asco, por mais repelente que seja Muammar al-Gaddafi.
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