As classes médias são transformadas em zumbis do consumo |
A derrubada das torres gêmeas foi o incêndio do Reichtag estadunidense. Da mesma forma que Hittler usou os escombros do congresso alemão para concentrar poderes e começar a segunda guerra mundial, o império atual utilizou o “ataque” como pretexto pra iniciar a invasão do Iraque e a “guerra total ao terrorismo”, significando o terrorismo dos outros, pois não é outra coisa o que as forças ocidentais fazem no mundo árabe. Aliás, no mundo inteiro, nos cinco continentes, a cobiça e a desumanidade dos interesses das grandes empresas têm causado morte e sofrimento, destruição e tragédia.
Essa explosão de guerras no oriente médio é apenas a parte mais visível, uma batalha na grande guerra mundial em que está envolvida a humanidade, em inconsciência quase plena. A pior guerra, com os piores inimigos, que se fazem de amigos, entram em nossa casa e em nossos pensamentos e nos fazem colaborar com eles pra nossa própria derrota. É a guerra das grandes empresas contra os povos.
Infiltraram-se nos Estados, nas instituições, bancam campanhas eleitorais para ter seus próprios políticos, determinam leis e concessões, manobram a destruição do ensino público e sua constante sabotagem, controlaram a educação privada e a superior, impondo regras aos currículos para que se moldem aos seus interesses e aos orçamentos para privilegiarem interesses de poucos em prejuízo de muitos. Barbarizaram a saúde pública e privatizaram a maior parte dos serviços, a comando de laboratórios farmacêuticos, planos de saúde e indústria de equipamentos médicos. Controlam as comunicações com a mídia gorda, comercial, privada. Com sua publicidade massiva, suas novelas e programas, moldam comportamentos, formam valores, objetivos de vida, distorcem a realidade, sempre contra o povo e a favor dos poucos “poderosos”, das empresas, manobrando a coletividade para se deixar explorar e acreditar que o mundo é assim mesmo.
Os sinais estão por todo lado. Na diferença entre uma delegacia de homicídios, precária, e uma de crimes contra o patrimônio, estruturada; entre o prédio de ciências sociais em qualquer escola universitária e o prédio de engenharia ou ciências tecnológicas de interesse empresarial. Na diferença de tratamento dado pelo poder público aos interesses empresariais e aos interesses da maioria da população; entre a consideração com os mais ricos e o desprezo pelos mais pobres. No descumprimento das leis principais da constituição do país, a garantia dos direitos básicos para uma vida decente, pelo próprio Estado. Inúmeros sinais em nosso cotidiano, naturalizado pelas distorções das informações e pela prática cotidiana que, progressivamente, foi se instalando na vida das coletividades, induzidas por uma mídia mentirosa, profundamente aplicada em controlar a mente e o comportamento da população. Superficializando a mentalidade, criando a necessidade do consumo como valor social, dividindo com a ideologia da competição desenfreada, produzindo uma vida angustiante em comportamento de manada, sem um sentido real e profundo, impondo o ter no lugar do ser.
O inimigo ataca em toda parte, sempre sorrindo dentes brancos, olhos sedutores com juras de amor incondicional, tudo pela sua felicidade, enquanto rouba seus direitos, sua educação, sua consciência, sua vida, os patrimônios e riquezas da sociedade e as possibilidades de melhorar a situação de todos. O pior inimigo, que nos faz colaborar, mais que isso, sustentar esse sistema absurdo, desumano, com nossos comportamentos, nossos pensamentos, nossos desejos, nossas opiniões. Estimula-se o egoísmo, o vencer a qualquer custo, promete-se o paraíso aos vitoriosos e acena-se a todos com essa possibilidade impossível. As correntes da escravidão que nos aprisiona, hoje, são construídas com mentiras altamente planejadas por cérebros lapidados nas academias e implantadas no inconsciente das pessoas desarmadas de senso crítico pela falta de uma educação humanizadora e de informações verdadeiras. Não se recomenda lutar por direitos, mas sim por privilégios – isso é que dá lucro.
Somos nós, como coletividade, que sustentamos o sistema. Induzidos, programados, desinformados, superficializados, cheios de preconceitos, ameaçados, iludidos ou acovardados, consentimos que o mundo seja assim, que a sociedade seja estruturada desta maneira. A solidariedade irrestrita é francamente indesejável aos que se sentem donos do mundo. Quando nos dermos conta e começarmos a pensar com independência, buscar informações nos meios alternativos, tomar posse dos valores pessoais, o sistema desmorona. Não há defesa mais poderosa que a consciência.
Eduardo Marinho, 8.8.11
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