Pesquisar este blog

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

O Facebook sabe onde você está neste momento. Seus inimigos também.

Pergunto-me qual a intenção do Facebook ao transmitir dados de localização via messenger; pergunto-me por que fizeram questão de manter a "falha" por tanto tempo, mesmo tendo sido ela noticiada publicamente. Pra mim isso é a ponta de um iceberg.

Luiz.


--



Há cerca de três meses, um estudante de Harvard, chamado Aran Khanna, estava se preparando para iniciar um estágio bastante cobiçado no Facebook até que resolveu lançar um aplicativo para o Google Chrome que irritou profundamente a rede social. Chamado de Marauders Map, o aplicativo se trata de uma extensão para o navegador Chrome que utiliza dados do Facebook Messenger para mapear onde os usuários estão quando enviam mensagens.

O aplicativo também mostra os locais, que eram bastante precisos. No entanto, ele não se mostrava ser muito seguro, visto que pessoas desconhecidas poderiam ver sua localização, caso você estivesse em um chat com usuários desconhecidos. Para que conseguisse obter os dados geográficos, o app aproveitou-se de uma falha de privacidade que o Facebook tinha conhecimento há cerca de três anos: o Facebook Messenger automaticamente compartilha a localização dos usuários a partir do envio de mensagens.

O estudante utilizou seu Twitter para anunciar o app em 26 de maio e postou sobre ele no Reddit e no Medium. Com isso, o Marauders Map começou a se tornar viral, obtendo milhares de downloads. Tomando conhecimento disso, em três dias o Facebook pediu para que Khanna desativasse o aplicativo e desativou o compartilhamento de localização de desktops, o que significa que o aplicativo de Khanna não funcionaria perfeitamente. Antes de ser desativado, o aplicativo havia sido baixado mais de 85 mil vezes.


Marauders Map


Cerca de uma semana depois, o Facebook lançou uma atualização para o aplicativo Messenger informando que "com essa atualização, você tem controle total sobre quando e como você compartilha suas informações de localização". A rede social não fez qualquer menção sobre a configuração padrão anterior e também não alertou que os usuários que não fizessem a atualização continuariam compartilhando suas localizações automaticamente, a menos que alterassem manualmente.

Um porta-voz do Facebook, chamado Matt Steinfeld, disse que a empresa estava trabalhando em uma atualização do Messenger muito antes da postagem de Khanna ser publicada. "Este não é o tipo de coisa que pode acontecer em uma semana. Mesmo que sejamos rápidos, eles estavam trabalhando em seu aplicativo há alguns meses", afirmou Steinfeld.

Khanna afirmou ao site Boston.com que havia criado o app para mostrar as consequências de compartilhar dados de forma não intencional. Assim, segundo ele, os usuários podem decidir por si mesmo se isso é ou não uma violação de privacidade.

Pelo que parece, o Facebook Messenger tem compartilhado a localização dos usuários de forma automática desde que foi lançado em 2011. A imprensa americana já havia feito diversos alertas sobre o fato, mas o Facebook não fazia caso da questão. Várias atualizações para o aplicativo foram feitas durante os anos, incluindo emojis, adesivos, melhor usabilidade, entre outras. No entanto, o compartilhamento de localização automática permaneceu.

O estudante utilizava o Messenger com frequência, até que começou a analisar o seu histórico de mensagens e notar que o app fornecia informações referentes a localização. Um dia após lançar o Marauders Map, Khanna disse que o seu futuro gerente no Facebook havia pedido para que ele não falasse com a imprensa. Naquela noite, o estudante recebeu um telefonema do setor de comunicações globais da empresa que reafirmou que Khanna não deveria falar com a imprensa, visto que poderia ser prejudicial para a companhia.

O aluno de Harvard cumpriu o combinado e redirecionou todas as perguntas da imprensa para o Facebook. No dia seguinte, o Facebook havia lhe pedido para desativar a extensão. Khanna agiu em conformidade ao pedido, mas atualizou seu blog relatando que o Facebook havia lhe pedido para desativar sua aplicação. Apenas três dias após a prorrogação, ele recebeu um telefone de um funcionário do Facebook que havia informado que a empresa estava rescindindo sua oferta de estágio. Segundo Khanna, o funcionário afirmou que ele violou a política de usuário do Facebook.

Ele também recebeu um email do setor de recursos humanos globais e recrutamento do Facebook que lhe informou que sua postagem no Medium não se adequava aos elevados padrões éticos que são esperados dos estagiários. "Esta ferramenta de mapeamento amparada em dados do Facebook viola nossos termos e esses termos existem para proteger a privacidade e a segurança das pessoas", afirmou o porta-voz Steinfeld. Sobre a atitude tomada pelo estudante, ele ainda disse que "isso é errado e é inconsistente na forma como pensamos a respeito de servir a nossa comunidade".

Khanna pensou que sua extensão estava ajudando os usuários, mostrando como seus dados eram utilizados. "Eu não escrevi o programa para ser mal-intencionado", disse o estudante. No final, ele conseguiu um estágio em outra empresa de tecnologia no Vale do Silício e, segundo ele, o que aconteceu com o Facebook se tornou uma boa experiência que lhe ensinou muita coisa.



Matéria completa: http://canaltech.com.br/noticia/facebook/estudante-perde-estagio-no-facebook-apos-descobrir-uma-falha-no-messenger-47195/#ixzz3ioliXrtz 
O conteúdo do Canaltech é protegido sob a licença Creative Commons (CC BY-NC-ND). Você pode reproduzi-lo, desde que insira créditos COM O LINK para o conteúdo original e não faça uso comercial de nossa produção. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário