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ALIMENTOS
GENETICAMENTE MODIFICADOS: TOXINAS E INSUCESSOS REPRODUTIVOS
Texto do "INSTITUTE FOR RESPONSIBLE TECHNOLOGY"
Texto do "INSTITUTE FOR RESPONSIBLE TECHNOLOGY"
Fonte:http://stopogm.net/node/280
A retórica oficial desde o início dos anos 90 proclama que os alimentos geneticamente modificados (OGM ou GM) são equivalentes aos seus correspondentes naturais que existem há séculos. Mas esta é uma afirmação puramente política, sem nada de científico. Numerosos cientistas do FDA [a autoridade americana de segurança alimentar] têm sistematicamente considerado estes novos alimentos GM como preocupantes. Para além do potencial para causarem problemas nutricionais e alérgicos difíceis de detectar, os cientistas afirmaram que "A possibilidade de mudanças acidentais inesperadas nas plantas GM" pode conduzir a "concentrações inesperadamente elevadas das substâncias tóxicas da planta"...[1]
As
plantas GM poderão ter, segundo eles, "níveis aumentados de toxinas
naturais conhecidas... aparecimento de novas toxinas ainda não
identificadas" e uma tendência acrescida de incorporar "substancias
tóxicas do ambiente" tais como "pesticidas ou metais pesados."
Os cientistas do FDA recomendaram que todos os alimentos GM fossem testados
"antes de ser introduzidos no mercado."[2] Mas o FDA tinha ordens da
Casa Branca para promover a indústria da engenharia genética e o seu
responsável político tinha sido anteriormente advogado da Monsanto (mais tarde
tornou-se vice-presidente da empresa). As regras definidas pelo FDA ignoraram
os avisos dos seus cientistas e passaram a permitir a comercialização de OGM
sem os necessários estudos de segurança.
Os
resultados dos poucos estudos de segurança que têm sido efetuados são
perturbadores - os animais de laboratório alimentados com dietas GM apresentam
múltiplos danos. Os relatos dos agricultores são ainda menos brilhantes - a
doença, esterilidade ou morte em milhares de animais é apontada à sua dieta
transgênica.[3]
A dieta
GM induz reações tóxicas no aparelho digestivo
No
primeiríssimo transgênico que foi analisado pelo FDA no âmbito do seu sistema
de avaliação voluntária [nos EUA um transgênico pode ser comercializado sem se
pedir autorização ao FDA], o tomate FlavrSavr, detectou-se a presença de
toxinas. De 20 ratos fêmea alimentadas com esse tomate GM, 7 desenvolveram
lesões estomacais.[4] O diretor do Office of Special Research Skills [Gabinete
de Investigação Especializada] do FDA escreveu que os tomates não demonstravam
uma "certeza razoável de inocuidade"[5], que é o seu padrão normal de
segurança. O Additives Evaluation Branch [Ramo de Avaliação de Aditivos] do FDA
concordou "que se mantêm questões por resolver."[6] Contudo, os
responsáveis políticos não requereram que o tomate fosse proibido.[*]
Segundo o
Doutor Arpad Pusztai, um dos maiores especialistas mundiais na avaliação da
segurança alimentar dos alimentos GM, o tipo de lesões estomacais ligado ao
consumo daqueles tomates transgênicos "pode levar a hemorragias
potencialmente mortais, particularmente nos idosos que tomarem aspirina [para
prevenir coágulos]."[7] Pusztai acredita que o sistema digestivo deve ser
o primeiro alvo da avaliação de riscos dos alimentos GM porque é o primeiro (e
o maior) ponto de contato com os alimentos e pode revelar várias reações às
toxinas. No entanto ele mostra-se preocupado porque a investigação sobre o
FlavrSavr apenas olhou para o estômago e nunca para o intestino. Outros estudos
que o fizeram, com outros OGM, encontraram problemas. Num
desses estudos os ratos foram alimentados com batatas onde tinha sido
introduzido um gene bacteriano que produz o inseticida Bt, uma toxina contra
insetos. Os cientistas analisaram a seção final do intestino delgado (íleo) e
encontraram células anormais e danificadas assim como crescimento celular
excessivo.[8]
Noutro
artigo científico descreve-se a experiência em que ratos alimentadas com
batatas modificadas geneticamente para produzir um outro inseticida, a
proteína GNA (a GNA e o Bt pertencem à família das lectinas), apresentaram
também proliferação celular indevida, quer nas paredes do estômago quer dos
intestinos (ver fotos abaixo). [9] A proliferação celular pode ser uma
precursora do câncer, o que torna qualquer crescimento anormal das células numa
questão particularmente preocupante.
As dietas
GM causam danos no fígado
O estado
do fígado (uma das principais vias de desintoxicação do organismo) é outro
indicador da presença de toxinas.
— Os
ratos referidos acima, alimentados com batata transgênica produtora da lectina
GNA, tinham fígados menores e parcialmente atrofiados. [11]
— Ratos
alimentadas com milho MON 863 da Monsanto, manipulado para produzir inseticida
Bt, apresentaram lesões no fígado e outras indicações de toxicidade. [12]
— Coelhos
alimentados com soja GM tinham um padrão enzimático alterado no fígado, assim
como uma atividade metabólica acelerada. [13]
— Os
fígados de ratos alimentados com colza (couve-nabiça) GM eram 12% a16% mais pesados,
possivelmente devido a doença ou inflamação. [14]
— A
análise microscópica de fígados de ratos alimentados com soja transgênica
Roundup Ready da Monsanto revelou uma atividade genética alterada, assim como
mudanças funcionais e estruturais no núcleo de células do fígado. [15] Muitas
destas mudanças eram reversíveis e desapareceram quando a dieta foi mudada para
soja não GM, o que é uma prova clara de que o impacto se devia ao fato da soja
ser transgénica. Segundo o geneticista molecular Michael Antoniou, um
investigador em terapia genética no King's College de Londres, estes efeitos
"não são uma coincidência casual, refletindo algum tipo de 'ataque' ao
fígado pela soja GM." Antoniou lembra que, embora as consequências a longo
prazo do consumo da soja GM não sejam conhecidas, este transgênico poderá
conduzir à degeneração hepática e consequentemente a uma toxemia geral. [16]
Maior
taxa de mortalidade e danos nos órgãos
Alguns
estudos mostram maior taxa de mortalidade nos animais alimentados com OGM. No
estudo do FlavrSavr, por exemplo, uma nota relegada para um anexo referia que 7
dos 40 ratos morreram ao longo das duas primeiras semanas de consumo do tomate
transgênico e foram substituídos. [17] Em outro estudo, galinhas alimentadas
com milho transgênico Liberty Link, tolerante a herbicida, morreram duas vezes
mais que as que comeram milho não GM. [18] Em ambos os estudos, que foram
levados a cabo pela indústria, as mortes não foram tidas em conta nem ocorreu
qualquer investigação adicional para as avaliar.
Também o
pâncreas em ratos alimentados com soja GM apresentava mudanças profundas e
produzia significantemente menos enzimas digestivas. [19] No caso de ratos
alimentados com batata transgênica o pâncreas estava dilatado. [20] Em várias
análises de rins os animais alimentados com OGM apresentaram lesões,
toxicidade, produção enzimática alterada ou inflamação. A produção de enzimas
também foi alterada no coração de ratos que consumiram soja GM.[21] E as
batatas GM causaram crescimento mais lento do cérebro dos animais a elas
sujeitos. [22]
Insucessos
reprodutivos e mortalidade infantil
Os
testículos de ratos alimentados com soja transgênica apresentavam alterações
dramáticas. Nas cobaias os órgãos eram escuros, de um vermelho azulado em vez de
cor de rosa (ver fotos abaixo). [23]
Os
animais apresentavam alterações nas células espermáticas jovens. [24] Os
embriões de ratos alimentados com soja GM mostravam também mudanças temporárias
na atividade do DNA, quando comparados com embriões cujas mães eram
alimentadas com soja não GM. [25]
Resultados
ainda mais extremos foram descobertos numa série de três experiências em ratos
por uma proeminente cientista da Academia Nacional de Ciências russa. Neste
caso a soja GM começou a ser dada às fêmeas duas semanas antes do acasalamento.
Os
resultados incluíram:
— 51,6 %
das crias no grupo com soja GM morreram nas três primeiras semanas (no grupo de
controle, alimentado com soja não GM, a mortalidade foi de apenas 10%). [26]
— O
tamanho e peso médios das ninhadas com alimentação OGM eram bastante inferiores
aos do controle. [27]
— Os
machos das ninhadas no grupo GM eram estéreis, não conseguindo procriar. [28]
Após
estes trabalhos preliminares, o fornecedor de rações do laboratório russo
começou a utilizar soja transgênica nas suas misturas, o que significou que
deixaram de estar disponíveis animais de controle, alimentados sem qualquer
OGM. Esta mudança impediu qualquer investigação adicional. Curiosamente, cerca
de dois meses após a introdução de soja GM na alimentação geral dos animais, a
taxa de mortalidade infantil tinha subido dramaticamente, atingindo os 55,3%.
Agricultores
denunciam mortes e esterilidade nos animais
Cerca de
duas dúzias de agricultores declararam que milhares dos seus porcos tinham
problemas de reprodução quando alimentados com certas variedades de milho Bt.
Ficavam estéreis, tinham falsas gravidezes ou davam nascimento a bolsas de
água. Algumas vacas e bois também se tinham tornado estéreis. O milho Bt também
foi implicado pelos agricultores na morte de vacas, cavalos, búfalos aquáticos
e galinhas. [30]
Quando
pastores indianos do estado do Andhra Pradesh começaram a levar as suas ovelhas
a pastar diariamente no restolho de algodão Bt, um em cada quatro animais
morreu em menos de uma semana. Estima-se que tenham ocorrido cerca de 10 000
mortes em 2006 e mais foram já anunciadas em 2007. A autópsia das ovelhas
mostrou irritação severa e manchas negras no intestino e no fígado, assim como
canais biliares dilatados. Os investigadores disseram que a provas iniciais
"apontam fortemente para que a morte das ovelhas seja devida a uma toxina...
mais provavelmente à toxina Bt". [31]
Um
perigoso estado de negação
Os avisos
dos cientistas do FDA parecem ter-se confirmado. Mas os relatórios internos
desta agência onde tais preocupações eram expressas só se tornaram públicos
após ação judicial. A intenção das chefias era que nunca viéssemos a saber da
dissensão interna e ouvíssemos apenas a versão pública, oficial, onde se
proclama que a agência não tem conhecimento de quaisquer indicações de que os
alimentos GM possam ser substancialmente diferentes dos alimentos
convencionais. Esta posição, arquitetada pelos responsáveis políticos,
contradiz diretamente o consenso científico interno.
Quase
todos os trabalhos independentes com animais onde se estuda a segurança
alimentar dos OGM revelam efeitos adversos ou inexplicados. Mas também não era
suposto que viéssemos a saber destes problemas - a indústria da engenharia
genética redobra-se em esforços para os esconder. Os estudos das empresas
descritos acima, por exemplo, não são divulgados nem publicados em revistas
científicas. Foi necessária a intervenção do tribunal para haver acesso a dois
deles. Além disso os investigadores que descobrem problemas nos alimentos GM
têm sido despedidos, postos na prateleira, impedidos de prosseguir na carreira
e até ameaçados. O mito de que os alimentos GM são tão seguros como os
alimentos cultivados desde há milhares de anos continua a imperar.
É
provável que os alimentos GM estejam a contribuir para a deterioração da saúde
pública. Mas, sem ensaios clínicos em humanos ou monitorização séria
pós-comercialização, não podemos avaliar o que é que efetivamente pode ser
atribuído a estes alimentos. Mas também não nos podemos permitir esperar até
alguém descobrir. Os alimentos GM devem ser eliminados da nossa dieta
imediatamente. Felizmente, cada vez mais pessoas estão a escolher não OGM para
si e para a sua família.
---
Jeffrey
M. Smith é autor do recente livro ROLETA GENÉTICA: Os Riscos Documentados para
a Saúde dos Alimentos Geneticamente Modificados, que apresenta 65 riscos em
desdobráveis de duas páginas muito fáceis de ler. O seu primeiro livro, AS
SEMENTES DA ENGANAÇÃO, é número 1 nas vendas mundiais de livros sobre alimentos
GM. Jeffrey M. Smith é Diretor Executivo do INSTITUTE FOR RESPONSIBLE TECHNOLOGY.
Visite www.seedsofdeception.com para saber mais acerca
do trabalho do Instituto.
---
[*] A
Calgene, empresa responsável pelo FlavrSavr, tinha apresentado dados sobre duas
estirpes de tomates GM, ambos utilizando o mesmo transgene. Depois dos estudos
a empresa optou, voluntariamente, por comercializar apenas a variedade que não
estava associada às lesões. Isto não tinha sido exigido pela FDA, que não tomou
qualquer medida para bloquear a aprovação da variedade associada às lesões.
Neste momento o FlavrSavr já não é comercializado. Após estes estudos nunca
mais nenhuma empresa forneceu ao FDA dados tão detalhados, que permitissem o
mesmo tipo de análise. O FDA recebe apenas sumários superficiais, completamente
inadequados para avaliar a segurança dos respectivos transgénicos.
REFERÊNCIAS
[1] Edwin J. Mathews, Ph.D., in a memorandum to the Toxicology Section
of the Biotechnology Working Group. Subject: Analysis of the Major Plant
Toxicants. Dated October 28, 1991
[2] Division of Food Chemistry and Technology and Division of Contaminants Chemistry, “Points to Consider for Safety Evaluation of Genetically Modified Foods: Supplemental Information,” November 1, 1991, www.biointegrity.org
[3] Jeffrey M. Smith, Genetic Roulette: The Documented Health Risks of Genetically Engineered Foods, Yes! Books, Fairfield, IA USA 2007
[4] Department of Veterinary Medicine, FDA, correspondence June 16, 1993. As quoted in Fred A. Hines, Memo to Dr. Linda Kahl. “Flavr Savr Tomato: . . . Pathology Branch's Evaluation of Rats with Stomach Lesions From Three Four-Week Oral (Gavage) Toxicity Studies . . . and an Expert Panel's Report,” Alliance for Bio-Integrity (June 16, 1993) www.biointegrity.org/FDAdocs/17/view1.html
[5] Robert J. Scheuplein, Memo to the FDA Biotechnology Coordinator and others, “Response to Calgene Amended Petition,” Alliance for Bio-Integrity (October 27, 1993) www.biointegrity.org
[6] Carl B. Johnson to Linda Kahl and others, “Flavr Savr™ Tomato: Significance of Pending DHEE Question,” Alliance for Bio-Integrity (December 7, 1993) www.biointegrity.org
[7] Arpad Pusztai, “Genetically Modified Foods: Are They a Risk to Human/Animal Health?” June 2001 Action Bioscience www.actionbioscience.org/biotech/pusztai.html
[8] Nagui H. Fares, Adel K. El-Sayed, “Fine Structural Changes in the Ileum of Mice Fed on Endotoxin Treated Potatoes and Transgenic Potatoes,” Natural Toxins 6, no. 6 (1998): 219-233.
[9] Stanley W. B. Ewen and Arpad Pusztai, “Effect of diets containing genetically modified potatoes expressing Galanthus nivalis lectin on rat small intestine,” Lancet, 1999 Oct 16; 354 (9187): 1353-4.
[10] Arpad Pusztai, “Facts Behind the GM Pea Controversy: Epigenetics, Transgenic Plants & Risk Assessment,” Proceedings of the Conference, December 1st 2005 (Frankfurtam Main, Germany: Literaturhaus, 2005).
[11] Arpad Pusztai, “Can science give us the tools for recognizing possible health risks of GM food,” Nutrition and Health, 2002, Vol 16 Pp 73-84.
[12] John M. Burns, “13-Week Dietary Subchronic Comparison Study with MON 863 Corn in Rats Preceded by a 1-Week Baseline Food Consumption Determination with PMI Certified Rodent Diet #5002,” December 17, 2002
[13] R. Tudisco, P. Lombardi, F. Bovera, D. d'Angelo, M. I. Cutrignelli, V. Mastellone, V. Terzi, L. Avallone, F. Infascelli, “Genetically Modified Soya Bean in Rabbit Feeding: Detection of DNA Fragments and Evaluation of Metabolic Effects by Enzymatic Analysis,” Animal Science 82 (2006): 193-199.
[14] Comments to ANZFA about Applications A346, A362 and A363 from the Food Legislation and Regulation Advisory Group (FLRAG) of the Public Health Association of Australia (PHAA) on behalf of the PHAA, “Food produced from glyphosate-tolerant canola line GT73,” www.iher.org.au
[15] M. Malatesta, C. Caporaloni, S. Gavaudan, M. B. Rocchi, S. Serafini, C. Tiberi, G. Gazzanelli, “Ultrastructural Morphometrical and Immunocytochemical Analyses of Hepatocyte Nuclei from Mice Fed on Genetically Modified Soybean,” Cell Struct Funct. 27 (2002): 173-180
[16] Jeffrey M. Smith, Genetic Roulette: The Documented Health Risks of Genetically Engineered Foods, Yes! Books, Fairfield, IA USA 2007
[17] Arpad Pusztai, “Can Science Give Us the Tools for Recognizing Possible Health Risks for GM Food?” Nutrition and Health 16 (2002): 73-84.
[18] S. Leeson, “The Effect of Glufosinate Resistant Corn on Growth of Male Broiler Chickens,” Department of Animal and Poultry Sciences, University of Guelph, Report No. A56379, July 12, 1996.
[19] Malatesta, et al, “Ultrastructural Analysis of Pancreatic Acinar Cells from Mice Fed on Genetically modified Soybean,” J Anat. 2002 November; 201(5): 409-415; see also M. Malatesta, M. Biggiogera, E. Manuali, M. B. L. Rocchi, B. Baldelli, G. Gazzanelli, “Fine Structural Analyses of Pancreatic Acinar Cell Nuclei from Mice Fed on GM Soybean,” Eur J Histochem 47 (2003): 385-388.
[20] Arpad Pusztai, “Can science give us the tools for recognizing possible health risks of GM food,” Nutrition and Health, 2002, Vol 16 Pp 73-84
[21] R. Tudisco, P. Lombardi, F. Bovera, D. d'Angelo, M. I. Cutrignelli, V. Mastellone, V. Terzi, L. Avallone, F. Infascelli, “Genetically Modified Soya Bean in Rabbit Feeding: Detection of DNA Fragments and Evaluation of Metabolic Effects by Enzymatic Analysis,” Animal Science 82 (2006): 193-199.
[22] Arpad Pusztai, “Can science give us the tools for recognizing possible health risks of GM food,” Nutrition and Health, 2002, Vol 16 Pp 73-84
[23] Irina Ermakova, “Experimental Evidence of GMO Hazards,” Presentation at Scientists for a GM Free Europe, EU Parliament, Brussels, June 12, 2007
[24] L. Vecchio et al, “Ultrastructural Analysis of Testes from Mice Fed on Genetically Modified Soybean,” European Journal of Histochemistry 48, no. 4 (Oct-Dec 2004):449-454.
[25] Oliveri et al., “Temporary Depression of Transcription in Mouse Pre-implantion Embryos from Mice Fed on Genetically Modified Soybean,” 48th Symposium of the Society for Histochemistry, Lake Maggiore (Italy), September 7-10, 2006.
[26] I.V.Ermakova, “Genetically Modified Organisms and Biological Risks,” Proceedings of International Disaster Reduction Conference (IDRC) Davos, Switzerland August 27th - September 1st, 2006: 168-172.
[27] Irina Ermakova, “Genetically modified soy leads to the decrease of weight and high mortality of rat pups of the first generation. Preliminary studies,” Ecosinform 1 (2006): 4-9.
[28] Irina Ermakova, “Experimental Evidence of GMO Hazards,” Presentation at Scientists for a GM Free Europe, EU Parliament, Brussels, June 12, 2007
[29] I.V.Ermakova “GMO: Life itself intervened into the experiments,” Letter, EcosInform N2 (2006): 3-4.
[30] Jeffrey M. Smith, Genetic Roulette: The Documented Health Risks of Genetically Engineered Foods, Yes! Books, Fairfield, IA USA 2007
[31] “Mortality in Sheep Flocks after Grazing on Bt Cotton Fields-Warangal District, Andhra Pradesh” Report of the Preliminary Assessment, April 2006, www.gmfreecymru.org/pivotal_papers/mortality.htm
[2] Division of Food Chemistry and Technology and Division of Contaminants Chemistry, “Points to Consider for Safety Evaluation of Genetically Modified Foods: Supplemental Information,” November 1, 1991, www.biointegrity.org
[3] Jeffrey M. Smith, Genetic Roulette: The Documented Health Risks of Genetically Engineered Foods, Yes! Books, Fairfield, IA USA 2007
[4] Department of Veterinary Medicine, FDA, correspondence June 16, 1993. As quoted in Fred A. Hines, Memo to Dr. Linda Kahl. “Flavr Savr Tomato: . . . Pathology Branch's Evaluation of Rats with Stomach Lesions From Three Four-Week Oral (Gavage) Toxicity Studies . . . and an Expert Panel's Report,” Alliance for Bio-Integrity (June 16, 1993) www.biointegrity.org/FDAdocs/17/view1.html
[5] Robert J. Scheuplein, Memo to the FDA Biotechnology Coordinator and others, “Response to Calgene Amended Petition,” Alliance for Bio-Integrity (October 27, 1993) www.biointegrity.org
[6] Carl B. Johnson to Linda Kahl and others, “Flavr Savr™ Tomato: Significance of Pending DHEE Question,” Alliance for Bio-Integrity (December 7, 1993) www.biointegrity.org
[7] Arpad Pusztai, “Genetically Modified Foods: Are They a Risk to Human/Animal Health?” June 2001 Action Bioscience www.actionbioscience.org/biotech/pusztai.html
[8] Nagui H. Fares, Adel K. El-Sayed, “Fine Structural Changes in the Ileum of Mice Fed on Endotoxin Treated Potatoes and Transgenic Potatoes,” Natural Toxins 6, no. 6 (1998): 219-233.
[9] Stanley W. B. Ewen and Arpad Pusztai, “Effect of diets containing genetically modified potatoes expressing Galanthus nivalis lectin on rat small intestine,” Lancet, 1999 Oct 16; 354 (9187): 1353-4.
[10] Arpad Pusztai, “Facts Behind the GM Pea Controversy: Epigenetics, Transgenic Plants & Risk Assessment,” Proceedings of the Conference, December 1st 2005 (Frankfurtam Main, Germany: Literaturhaus, 2005).
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[14] Comments to ANZFA about Applications A346, A362 and A363 from the Food Legislation and Regulation Advisory Group (FLRAG) of the Public Health Association of Australia (PHAA) on behalf of the PHAA, “Food produced from glyphosate-tolerant canola line GT73,” www.iher.org.au
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[17] Arpad Pusztai, “Can Science Give Us the Tools for Recognizing Possible Health Risks for GM Food?” Nutrition and Health 16 (2002): 73-84.
[18] S. Leeson, “The Effect of Glufosinate Resistant Corn on Growth of Male Broiler Chickens,” Department of Animal and Poultry Sciences, University of Guelph, Report No. A56379, July 12, 1996.
[19] Malatesta, et al, “Ultrastructural Analysis of Pancreatic Acinar Cells from Mice Fed on Genetically modified Soybean,” J Anat. 2002 November; 201(5): 409-415; see also M. Malatesta, M. Biggiogera, E. Manuali, M. B. L. Rocchi, B. Baldelli, G. Gazzanelli, “Fine Structural Analyses of Pancreatic Acinar Cell Nuclei from Mice Fed on GM Soybean,” Eur J Histochem 47 (2003): 385-388.
[20] Arpad Pusztai, “Can science give us the tools for recognizing possible health risks of GM food,” Nutrition and Health, 2002, Vol 16 Pp 73-84
[21] R. Tudisco, P. Lombardi, F. Bovera, D. d'Angelo, M. I. Cutrignelli, V. Mastellone, V. Terzi, L. Avallone, F. Infascelli, “Genetically Modified Soya Bean in Rabbit Feeding: Detection of DNA Fragments and Evaluation of Metabolic Effects by Enzymatic Analysis,” Animal Science 82 (2006): 193-199.
[22] Arpad Pusztai, “Can science give us the tools for recognizing possible health risks of GM food,” Nutrition and Health, 2002, Vol 16 Pp 73-84
[23] Irina Ermakova, “Experimental Evidence of GMO Hazards,” Presentation at Scientists for a GM Free Europe, EU Parliament, Brussels, June 12, 2007
[24] L. Vecchio et al, “Ultrastructural Analysis of Testes from Mice Fed on Genetically Modified Soybean,” European Journal of Histochemistry 48, no. 4 (Oct-Dec 2004):449-454.
[25] Oliveri et al., “Temporary Depression of Transcription in Mouse Pre-implantion Embryos from Mice Fed on Genetically Modified Soybean,” 48th Symposium of the Society for Histochemistry, Lake Maggiore (Italy), September 7-10, 2006.
[26] I.V.Ermakova, “Genetically Modified Organisms and Biological Risks,” Proceedings of International Disaster Reduction Conference (IDRC) Davos, Switzerland August 27th - September 1st, 2006: 168-172.
[27] Irina Ermakova, “Genetically modified soy leads to the decrease of weight and high mortality of rat pups of the first generation. Preliminary studies,” Ecosinform 1 (2006): 4-9.
[28] Irina Ermakova, “Experimental Evidence of GMO Hazards,” Presentation at Scientists for a GM Free Europe, EU Parliament, Brussels, June 12, 2007
[29] I.V.Ermakova “GMO: Life itself intervened into the experiments,” Letter, EcosInform N2 (2006): 3-4.
[30] Jeffrey M. Smith, Genetic Roulette: The Documented Health Risks of Genetically Engineered Foods, Yes! Books, Fairfield, IA USA 2007
[31] “Mortality in Sheep Flocks after Grazing on Bt Cotton Fields-Warangal District, Andhra Pradesh” Report of the Preliminary Assessment, April 2006, www.gmfreecymru.org/pivotal_papers/mortality.htm
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Transgênicos: mais agrotóxicos na sua mesa
Na última reunião da Comissão Técnica Nacional de
Biossegurança (CTN-Bio), em 17 outubro, foi rejeitado pedido de
audiência pública apresentado pelo Ministério Público Federal, Instituto
Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) e Associação Gaúcha de
Proteção ao Ambiente Natural (Agapan) para realizar um debate aberto com
a sociedade sobre os impactos de sementes transgênicas resistentes ao
herbicida 2,4-D – que estão em vias de liberação no Brasil. Segundo o
representante do Ministério da Ciência e Tecnologia, Ruy de Araújo
Caldas, a comissão não pode ser palco político para “leigos” no assunto:
os debates devem ficar sob responsabilidade dos técnicos.
No entanto, a questão dos transgênicos envolve questões
políticas que deveriam, sim, ser divulgadas entre a população “leiga”.
Desde sua chegada no Brasil (em 1997, com a “soja maradona”), os
Organismos Geneticamente Modificados (OGMs) têm sido alvo de polêmicas e
muita desinformação ao consumidor – o mais atingido pelas decisões dos
“técnicos”. Não há consenso quanto às consequências dessa tecnologia
para a saúde e os ecossistemas, especialmente quanto ao uso cumulativo
de agrotóxicos. A CTN-Bio, instância científica que delibera sobre o
assunto, tem sido alvo de críticas desde a publicação da Lei de
Biossegurança (Lei 11.105/2005), por seus superpoderes e caráter antidemocrático.
Nos anos 1990, os transgênicos foram defendidos como
alternativa benéfica para a agricultura: as modificações genéticas
levariam à redução da fome no mundo, pelo aumento da produtividade, e à
diminuição do uso de pesticidas. No entanto, as “ervas daninhas”
adquiriram resistência – especialmente ao glifosato, principal herbicida
usado em OGMs. As gigantes da agroquímica estão criando sementes para
aguentar produtos mais agressivos, porque o glifosato sozinho já não é
eficiente para matar “plantas invasoras”. Também a fome mundial
aumentou, nos últimos quinze anos. Os argumentos de que, com os OGMs, a
agricultura utilizaria menos agrotóxicos e resolveria o problema da fome
falharam.
Guerra de gigantes
Sementes de soja e milho, com tecnologia da Dow Chemical,
estão na iminência de ser aprovadas no Brasil. Elas resistem a três
herbicidas: glifosato, glifosato de amônia e 2,4-D – este, um dos
componentes do Agente Laranja (jogado pelos Estados Unidos no Vietnã nos
anos 60), fabricado por sete empresas, entre elas a Dow e a Monsanto.
A Monsanto, por sua vez, está substituindo sua tecnologia
RR, com tolerância ao glifosato, já que as plantas adquiriram
resistência ao herbicida, e lançou a RR2, que além do herbicida
incorpora genes produtores de proteínas inseticidas, capazes de acabar
com a lagarta helicoverpa – recentemente surgida nas lavouras de RR. A
tecnologia da Dow promete matar as plantas que já não morrem mais com
glifosato e glifosato de amônia. Mas a Monsanto não quer perder a
liderança nesse mercado e também pretende lançar sementes de soja e
milho resistentes ao herbicida Dicamba.
O impressionante é que as sementes de ambas as empresas
podem ser aprovadas no Brasil antes mesmo de serem aprovadas nos Estados
Unidos, seu país de origem. Segundo o engenheiro agrônomo Leonardo
Melgarejo, membro da CTN-Bio, o milho da Dow com 2,4-D pode ser aprovado
até o final do ano, enquanto a soja pode demorar um pouco mais. E a
soja com Dicamba também está em avaliação. “Basta que tramitem na CTNBio
e recebam parecer favorável da maioria dos membros daquela comissão”,
segundo Melgarejo.
A “novidade” dessas tecnologias é o uso de dois herbicidas
muito perigosos, em especial o 2,4-D, substância que compôs 50% do
tristemente célebre Agente Laranja
– cujo uso pelos EUA, na Guerra do Vietnã, para destruir as florestas e
assim visualizar melhor o inimigo deixou, até hoje, um legado de
deformações, envenenamento e morte. Ele está classificado pela Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) como extremamente perigoso à
saúde (classe toxicológica I), e ao ambiente (classe III).
Além disso, tanto o 2,4-D como o Dicamba são herbicidas com
grande deriva e volatilidade, ou seja, são facilmente espalhados pelo
vento, podendo contaminar lavouras não transgênicas – motivo pelo qual
produtores dos EUA vêm protestando contra seu uso – e deixando o
consumidor sem escolha. Mais importante: não há total segurança de que
os transgênicos sejam inócuos à saúde humana, como afirmam seus
defensores.
Dioxina e 2,4-D
Na tentativa de “garantir” a inocuidade do herbicida, a Dow
e mais três empresas do ramo da biotecnologia montaram a Força Tarefa
2,4-D, um website
destinado a divulgar informações sobre o agrotóxico. Segundo as
empresas, “o uso do 2,4-D está relacionado ao seu papel indispensável
para o controle de plantas daninhas no sistema do plantio direto, manejo
do solo que iniciou o conceito de agricultura ambientalmente
sustentável”. No site, há estudos que comprovariam a segurança humana e
ambiental no uso do herbicida. Para as empresas, o 2,4-D não deveria ser
associado com o Agente Laranja, já que a dioxina – a substância mais
tóxica já inventada pelo homem, tão persistente e devastadora que
continua presente no território vietnamita, causando contaminação do
ambiente e das pessoas, especialmente crianças, e relacionada a várias
doenças graves, conforme relatório do Instituto de Medicina dos EUA – só se formaria junto com outro componente, o 2,4,5-T.
No entanto, pesquisadores consideram que o produto não é
seguro para a saúde ou para o ambiente, independente da presença da
dioxina. Segundo o biólogo e pesquisador Gilles Ferment, o 2,4-D possui
potencial de perturbador endócrino (capaz de alterar as funções
hormonais) e de agente cancerígeno. Os perturbadores endócrinos podem
causar danos à saúde humana durante o desenvolvimento fetal e infantil.
O dossiê
“Um alerta sobre os impactos dos agrotóxicos na saúde”, da Associação
Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), citou pesquisas que relacionam o
2,4-D como um dos agrotóxicos responsáveis por contaminação da água. Especialistas
se mostram preocupados com o uso generalizado da substância, a partir
da aprovação das sementes transgênicas. Robin A. Bernhoft, médico e um
dos diretores da Academia Americana de Medicina e Meio Ambiente, afirmou
que o 2,4-D é considerado a causa de todos os cânceres e defeitos
genéticos nos filhos de ex-combatentes americanos no Vietnã e de
vietnamitas expostos ao Agente Laranja.
Chuck Benbrook, professor e pesquisador da área de
sustentabilidade e saúde na agricultura da Universidade do Estado de
Washington, apontou o risco de que a maior parte do 2,4-D usado no
Brasil seja importado da China, com altos níveis de dioxina: “Concordo
que o 2,4-D da Dow é muito mais limpo do que o dos anos 1970, mas quem
pode garantir que os agricultores brasileiros irão comprar o 2,4-D mais
caro e mais limpo?”. Isso também preocupa Leonardo Melgarejo: “A empresa
alega que no Brasil só será utilizada a formulação ‘amina’, que não é
volátil, com a qual a dispersão das partículas seria menor. Entretando, a
formulação ‘éster’ é mais barata. E é comum a identificação, pela
Anvisa, de aplicações de produtos proibidos e adulterados, coisa que
ocorre fundamentalmente por conta da diferença de custos”.
Riscos e precaução
Gilles Ferment, um dos organizadores do livro “Transgênicos para quem” (download gratuito),
afirma que as multinacionais de transgenia e os órgãos públicos de
regulamentação instituíram o princípio de equivalência substancial: os
produtos transgênicos não possuiriam propriedades diferentes dos
não-transgênicos. Já que “as plantas transgênicas são consideradas
iguais às não-transgênicas, basta adicionar estudos de bioensaios sobre
alguns organismos não-alvo e alguns testes de toxicidade sobre
camundongos para declarar definitivamente a segurança do OGM”, afirmam.
Contudo, a avaliação do risco desses produtos deveria englobar os riscos
para o funcionamento dos ecossistemas, bem como os impactos sociais
decorrentes do emprego da tecnologia.
O princípio da precaução – obrigação legal no processo de
análise de risco dos transgênicos e de atividades que possam causar dano
ambiental, assumida pelo Brasil e diversos países no Protocolo de
Cartagena, em 2000 – recomenda que, antes da aprovação do uso dessas
sementes, sejam realizados testes à exaustão, que comprovem de fato a
sua segurança e inocuidade ao ambiente e à saúde humana. Mas ele não vem
sendo aplicado. O princípio estimula conhecer antes de usar. Na dúvida,
não se deve ir em frente, pois os prejuízos, desconhecidos, podem ser
irreversíveis. Segundo Ferment, um ex-presidente da CTN-Bio caracterizou
o princípio da precaução como “anticientífico”, “inventado para
derrotar a ciência”.
Além do risco dos transgênicos em si, há o risco inerente à
aplicação dos agrotóxicos. Uma das características mais preocupantes do
2,4-D (e também do Dicamba) é o alto grau de disseminação do produto no
ambiente, para além da área alvo da aplicação. Existe, portanto, risco
de contaminação de lavouras ou de áreas em torno da plantação,
especialmente no caso de aplicações aéreas.
Nos EUA, a organização de agricultores Save our crops
vem lutando contra a aprovação de OGMs utilizando 2,4-D e Dicamba. Eles
temem a contaminação de seus cultivos – não transgênicos –, pois,
embora recomendados para aplicação via aérea, “ambos os pesticidas são
notoriamente propensos à deriva e volatilização, causando lesão e morte
de plantas de culturas vizinhas e paisagens rurais”. No Brasil, alerta o
engenheiro agrônomo Sebastião Pinheiro (UFRGS), considerando as altas
temperaturas e ventos, jamais se deveria usar avião para aplicar
agrotóxicos.
Recentemente foi divulgado
um caso que justifica a precaução: aplicação de agrotóxico por via
aérea atingiu uma escola em Rio Verde (GO), literalmente banhando
crianças e professores que desfrutavam do horário de recreio. Todos
ficaram intoxicados. Pelos riscos envolvidos nesse tipo de aplicação, a Campanha Permanente Contra o Uso de Agrotóxicos pede que ela seja banida, como já ocorre na União Europeia.
E o consumidor?
Em meio a um mar de desinformação e mal entendidos, o
consumidor está ficando praticamente sem opção. Faça o teste: quando for
ao supermercado, dê uma olhada nas prateleiras dos produtos à base de
milho e soja e veja se consegue encontrar uma marca cuja embalagem não
esteja identificada com o triângulo amarelo. Na maior parte dos grandes
supermercados, uma marca de óleo de soja não-transgênica pode talvez ser
encontrada, com sorte, em meio à grande maioria transgênica. Farinhas,
polentas, canjicas, salgadinhos, bolachas, fermentos para bolos e outros
produtos que utilizam milho ou amido de milho também são, em grande
parte, transgênicos. Os fabricantes alegam não haver milho
não-transgênico à venda.
Outro ponto a ser observado é que as sementes de milho
não-transgênicas estão sendo cruzadas com as transgênicas pela ação do
vento na polinização. O problema é gravíssimo, pois representa ameaça
real à biodiversidade brasileira – se continuar, não existirão mais
sementes “crioulas”, aquelas transmitidas de geração a geração, desde os
indígenas até a agricultura orgânica familiar. Seria o fim de um
capítulo da história de populações tradicionais, que vêm guardando essas
sementes ao longo de décadas – e até séculos.
O fato de que os produtos que utilizam transgênicos estejam
sinalizados com o “T” nas embalagens é uma vitória do consumidor, que
tem o direito de saber o que contém um alimento. O problema é que até
essa conquista básica pode estar ameaçada. Dois Projetos de Lei (PL) de
senadores da bancada ruralista já tentaram barrar ou modificar a
rotulagem, o PDL 90/2007, de Kátia Abreu (PMDB-TO) e o mais recente, PL 4148/2008,
de Luis Carlos Heinze (PP-RS). Esse último, com a justificativa de que o
símbolo com fundo amarelo, semelhante a placas de advertência, tensão
ou risco, “vincula o alimento que contenha DNA ou proteína obtida
através de organismo geneticamente modificado a circunstâncias de
perigo, nocividade, cuidado, alerta, e outras mais para as quais a
apresentação gráfica é usualmente destinada”. Mas a intenção da
rotulagem é justamente essa: alertar os consumidores, já que não há
comprovação científica da total segurança dos transgênicos para a saúde
humana, como recomenda o princípio da precaução.
A bancada ruralista também quer mais flexibilização para os agrotóxicos. Segundo texto
do Deputado Rosinha (PT-PR), em setembro de 2013 a Câmara dos Deputados
aprovou a Lei de Conversão (nº25/2013) da Medida Provisória 619/2013,
que vai agora à preciação do Senado Federal. Nela foram introduzidos
três artigos, os de nº 52, 53 e 54, que tratam de agrotóxicos. O artigo
53 é o mais perigoso, pois concede ao ministro da Agricultura o poder de
regular a importação, produção, distribuição, comercialização e uso de
agrotóxicos – medidas hoje de competência da Anvisa. Esse artigo poderá
permitir que ato do ministro flexibilize as regras atuais e autorize o
uso de agrotóxicos não permitidos, em “caráter extraordinário e quando
declarado estado de emergência fitossanitário e zoossanitário”. Para o
deputado Rosinha, o artigo “dá poder ao Ministério da Agricultura
(Mapa), dominado pelos ruralistas, e subjuga os outros dois órgãos
(Anvisa e Ibama) para decidir o que bem entender quanto ao uso de
venenos (agrotóxicos) na agricultura”.
Se a lei for aprovada nesses termos, representará enorme
retrocesso na regulamentação dos agrotóxicos. Nos anos 1970-80, durante a
ditadura militar, órgãos do Mapa eram responsáveis pelo assunto, e sua
proximidade com as empresas agroquímicas foi amplamente criticada. A
pressão dos ambientalistas levou à aprovação da primeira lei dos
agrotóxicos no Brasil, a do Rio Grande do Sul, em 1982, e à legislação
nacional, em 1989.
Ainda há esperança?
O forte movimento para ampliar a utilização de OGMs e
agrotóxicos sem observar o princípio da precaução, no Brasil, exige do
consumidor cuidado redobrado. Além de ler os rótulos dos produtos, uma
dica é ficar atento ao website
da CTN-Bio – que também é criticada pelas relações duvidosas de alguns
de seus membros com as multinacionais de OGMs. Vale também ficar alerta
aos movimentos de congressistas que visam reverter conquistas
importantes, como a rotulagem dos alimentos geneticamente modificados.
A boa notícia é que, paralelamente, a agricultura orgânica e ecológica está em expansão no país. Além do Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica,
lançado pelo governo federal em outubro, acontece entre 25 e 28 de
novembro, em Porto Alegre, o mais importante evento de agroecologia no
país. O Congresso Brasileiro de Agroecologia,
em sua oitava edição, contará com mais de 1.000 trabalhos a serem
apresentados nas modalidades comunicação acadêmica, relato de
experiências e exposição de pôsteres. Esse número expressivo de
participantes, além do público ouvinte, sinaliza que existe muita
pesquisa na área, o que demonstra a aceitação e vitalidade do tema.
O argumento de que a agricultura precisa de todo o pacote
tecnológico que propugna indispensáveis o uso de agrotóxicos e sementes
geneticamente modificadas para alimentar o mundo não tem mais sentido.
Esperamos que mais e mais recursos sejam destinados à agricultura
ecológica para que possa expandir seu espaço de atuação, especialmente
em propriedades familiares, que valorizam a terra, o respeito e o
cuidado com o solo, com os animais e vegetais que habitam a propriedade,
com seu semelhante que vai comer o alimento, e, por extensão, todo o
planeta. Partindo de “uma ética que liga tudo com tudo”, como dizia
Lutzenberger em seu Manifesto Ecológico, essa agricultura pode, quem
sabe, curar o mundo.
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