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sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

O que você aprende vendo o BBB11

 
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Sempre pensei que a coisa nunca poderia ficar pior. Mas fica. Cada ano a violência fica maior. E o que me espanta é que não há gente a gritar contra isso. Agora inventaram a figura de um sabotador. Pois já não bastava colocar a possibilidade concreta de alguém (o espectador) eliminar outro (o broder “????”), o que, obviamente inaugura uma possibilidade por demais perversa de se apertar um botão e destruir o sonho de alguém, com requintes de crueldade. Uma coisa de uma maldade abissal. Então, o tal do sabotador é uma pessoa, do grupo, que precisa sabotar os seus companheiros para poder se safar. Inaugura-se assim mais uma instância da estúpida violência, a qual é parte intrínseca do “show”. Vi a cara do rapazinho. Estava em completo desespero. Precisava sabotar seus amigos. E o fez. Em nome do milhão.

Depois, um outro, ao atender ao telefone que sempre ordena uma sequência de maldades, obrigou-se a mandar sua colega para uma solitária, coisa que, nas cadeias, é motivo de grandes lutas dos grupos de direitos humanos. O garoto disse o nome da sentenciada, e seu rosto se cobriu de desespero. No dia em que ela saiu do castigo, enquanto os demais a abraçavam, ele se deixava cair, escorregando pela parede, chorando. Sabia, é claro, que aquela ação o colocava na mira da outra e na condição de um desgraçado que entrega seus colegas.

E assim vai o “grande irmão” propondo maldades e violências aos pobres sujeitos que ali entram em busca de um espaço na grande vitrine da vida. Confesso que a mim pouco se me dá se são homossexuais, trans, bi, héteros tarados, loucas, putas ou santas. Cada uma daquelas criaturas que ali estão quebrando todas as regras da ética do bem viver são pobres seres humanos, perdidos num mundo que exige da juventude bunda, músculo, peito e cabeça vazia. Não são eles os “imorais”. São vítimas. Querem mais do que as migalhas do banquete. Querem pegar com as unhas a promessa que o sistema capitalista traz na sua pedagogia da sedução: “qualquer um pode neste mundo livre”.

Tampouco me surpreende que um jornalista como Pedro Bial, dono de um texto refinado, esteja cumprindo o triste papel de fomentar a perda de todo o sentido ético que um ser humano pode ter. Ele, também buscando vencer nesse mundo que o capitalismo aponta como o melhor possível, fez a sua escolha. Optou por ser um sacerdote destes tempos vis. Um sacerdote muito bem pago.

O que me entristece é saber que essa pedagogia capitalista seguirá se fazendo todos os dias nas casas das gentes, que muitas vezes assistem ao programa porque simplesmente não têm outra opção. O melhor sinal é o da platinada. Pega em qualquer lugar deste grande país. Há os que vêem e nem gostam, mas ocorre que estas “lições” em que se eliminam pessoas, em que se traem os amigos, em que vale tudo, passam meio que por osmose. É a lavagem cerebral. É a violência extrema sendo praticada entre risos e apupos de “meus heróis”. Tudo pela “plata”.

Enquanto isso, como bem já levantaram alguns blogueiros, a Globo, junto com as companhias telefônicas, lucra rios de dinheiro com as ligações que as pessoas fazem para eliminar os “irmãos”. É galera, brother quer dizer irmão em inglês. E olha só o que se faz com um irmão? Essa é a “ética”. Os empresários globais lambem seus bigodes.

5 comentários:

  1. Ai, mas que drama, hein?! "òoo, o sabotador do big brother vai destruir o mundo". Gente, vamos dar importÂncia ao que é importante? Ninguém é ingÊnuo e coitadinho no BBB, todos ganham alguma coisa e tudo tem um preço. Eles ganham dinheiro e em troca se humilham para o telespectador, e sabem muito bem oq está acontecendo. Pronto cabou. quem não quer, não assiste, e, sim, há escolha.

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  2. Realmente não há coitadinho dentro do BBB! O coitado é o que opta por se alienar assistindo (e, consequentemente, promovendo) esse tipo de espetáculo[?]! >>> http://utilidades-em-geral.blogspot.com/2011/01/noam-chomsky-as-10-estrategias-de.html

    Obrigado pelo comentário, Camila! Abs!

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  3. Como assim, "não há gente a gritar contra isso"? Só eu conheço um monte. Claro que seleciono minhas relações, e não há muitos convencionais nas mais próximas, embora seja inevitável conviver com a mentalidade plantada pela mídia, no geral. É preciso valorizar os que lutam contra a corrente dominante, mostrá-los, indicá-los como opção informativa e esclarecedora, em contraponto ao condicionamento criminoso produzido pela mídia privada. Taí a mídia alternativa, sob a fumaça densa da dominação, mas taí.

    Não há opção ao criminoso biguebroda? Desligar não é opção? Sei que é difícil e o costume foi esquecido, mas que tal uma conversa em família? Brincadeiras, jogos, cantorias, tantas coisas que reforçam o afeto e a união familiar, tão desfeita, inclusive com influência da televisão, das revistas, dos jornais e rádios, estimulando o consumo, a competição, o egoísmo... é preciso propor, além de criticar. Nenhum argumento é mais forte que o exemplo. Viver o que propomos, antes de propor, dá força irresistível às idéias.

    Abraço.

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