QUI, 30 DE AGOSTO DE 2012 |
Soldados entraram numa vila onde havia acontecido um conflito, batendo nas pessoas com bastões de madeira. No fim, restaram algumas crianças presas. Elas foram forçadas a correr; quem corria menos era espancada com bastões. Segundo um ex-sargento de um Corpo de Engenharia do exército israelense, isso aconteceu com crianças palestinas, sendo que a punição foi repetida quatro a cinco vezes, até sobre as mesmas crianças. Cerca de 30 atuais e antigos soldados israelenses revelaram a forma violenta como crianças palestinas são rotineiramente tratadas durante as operações militares e prisões na Margem Oeste. São 850 relatos, publicados pela organização Breaking The Silence (Quebrando o Silêncio), formada, em 2004, por ex-soldados israelenses, que se dedica a expor as ações do exército nos territórios ocupados. São fatos estarrecedores: espancamentos, humilhações, ofensas, prisões noturnas e ferimentos impostos a crianças. Yehuda Shaul, da Breaking the Silence, explica que os depoimentos foram reunidos para mostrar a realidade do tratamento habitual imposto pelos soldados aos palestinos, particularmente crianças. “Infelizmente”, ele diz, “esta é a conseqüência moral da prolongada ocupação sofrida pelo povo palestino”. Alguns dos fatos narrados relacionam-se à detenção e às violências praticadas contra meninos que jogam pedras nos soldados e à imposição do controle israelense em áreas ocupadas. O relatório documenta numerosos casos de meninos com menos de 16 anos que, depois de presos, têm os olhos vendados e são privados de comida e água. Como as organizações de direitos humanos sempre afirmaram, as crianças palestinas são normalmente presas durante a noite. Na prisão são maltratadas e lhes negam acesso à família e a advogados. Um sargento dos paraquedistas, que regularmente levava sob custódia crianças de 12 a 14 anos por tentarem cruzar a fronteira com Israel, disse que foi instruído a tratá-las não como crianças, mas como terroristas. “O oficial de inteligência”, conta o sargento, ”observou dois soldados batendo num dos presos, garoto de uns 16 anos. Não se opôs”. Em outro depoimento, um ex-soldado descreveu como sua tropa destruía lojas e casas simplesmente por estarem chateados, provocando tumultos propositadamente. Ele relatou ainda um incidente no qual soldados israelenses, esperando por civis suspeitos no lado de fora de uma mesquita, começaram a disparar tiros de balas de borracha para provocar um conflito. Caso alguma criança árabe atirasse pedras neles, eles a usariam como escudos humanos. “Você segura o garoto, empurra sua arma contra o corpo dele. Ele não pode fazer um só movimento, fica totalmente petrificado. Apenas grita: No, no, army!”. Um veterano que serviu em Hebron, em 2010, conta como era o contato com as crianças palestinas presas: “Você nunca sabia seus nomes, você nunca conversava com elas, elas sempre choravam, defecavam nas calças... Havia aqueles momentos desagradáveis quando você está numa missão de aprisionamento e não há espaço nas celas da polícia, então você apenas leva o garoto de volta, venda os olhos dele, põe ele numa sala e espera pela polícia chegar e levá-lo de novo, de manhã. Ele fica lá sentado como um cachorro...”. Segundo os testemunhos, as crianças freqüentemente se sujavam. “Eu me lembro de ouvir o som delas evacuando nas calças... Eu me lembro também, algumas vezes, quando alguém urinava nas calças. Eu ficava indiferente a isso, não podia me preocupar menos. Eu ouvia o garoto se urinando, percebia sua vergonha. Mas não ligava”. Um outro antigo sargento descreve uma operação contra a vila de Azzun, onde foram atiradas pedras contra motoristas de um assentamento judaico numa curva da estrada. “Nós entramos na vila, fomos até a casa mais próxima da curva, quando vimos um grupo de crianças de 9 a 10 anos fugindo”, ele contou. “Elas correram para dentro do terraço de uma casa e então nosso comandante pegou uma granada paralisante e atirou-a no terraço. Ela explodiu, não acho que feriu alguém, mas fez os meninos saírem do terraço”. Seguiu-se uma perseguição, as crianças foram agarradas e o comandante encostou sua arma no rosto de uma delas. “O garoto ficou histérico, certo de que iria ser morto. Pediu e suplicou por sua vida”, o soldado contou. “Um garoto precisa pedir por sua vida? Uma arma carregada é apontada contra ele e ele tem de pedir piedade? Isso é algo que vai marcar toda a vida dele”. Gerald Horton, da ONG Defense for Children International Palestine (DCI), sustenta que os testemunhos representam um padrão de comportamento das forças israelenses no seu relacionamento com a população da Margem Oeste. “Não são incidentes isolados ou uma questão de umas poucas ‘maçãs podres’. É a conseqüência natural e previsível da política do governo”. O exército de Israel condenou a iniciativa do Breaking the Silence, afirmando que seu objetivo era somente criar escândalo. Do contrário teriam levado suas informações às autoridades militares para que tomassem as devidas medidas. Yehuda Shaul, da ONG de ex-militares, respondeu: “Mais de 70 dos nossos depoentes já vieram a público com denúncias, citando nomes e identidades, e eu sou um deles. Se o Exército de Israel estivesse interessado em investigar nossas denúncias, nós provavelmente já teríamos sido convocados para prestar testemunho”. Como isso não aconteceu, Breaking the Silence teve de se fazer ouvir. Luiz Eça é jornalista. Website: Olhar o Mundo. |
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quinta-feira, 30 de agosto de 2012
O Holocausto nos dias de hoje: Soldados de Israel narram violências contra meninos palestinos
quinta-feira, 16 de agosto de 2012
Aluno do ensino médio na escola pública sabe menos que o do fundamental na particular
http://educacao.uol.com.br/noticias/2012/08/16/aluno-da-escola-publica-sai-do-medio-sabendo-menos-que-estudante-do-fundamental-da-particular.htm
16/08/201206h00 > Atualizada 16/08/2012 10h52
16/08/201206h00 > Atualizada 1
Karina Yamamoto
Do UOL, em São Paulo
Do UOL, em São Paulo
Alunos de colégios particulares, mesmo tendo estudado menos anos, sabem mais que os estudantes de escolas públicas em séries superiores.
Os conhecimentos de matemática e português de um aluno no 9º ano do ensino fundamental (antigo ginásio) em colégio particular são maiores que os de estudantes do ensino médio (ex-colegial) em escola pública.
É o que demonstram os dados da Prova Brasil de 2011, cujos dados foram divulgados na terça-feira (14) pelo MEC (Ministério da Educação).
Um aluno da rede privada sai dos anos finais do ensino fundamental (9º ano) com pontuação 298,42 em matemática enquanto um aluno da rede pública termina o ensino médio com conhecimento de 265,38 pontos na escala Saeb (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica), que vai de 0 a 500.
Em português acontece o mesmo: na escola particular, o aluno do 9º ano tem proficiência de 282,25. Já o estudante da rede pública alcança ao final do ensino médio com 261,38 em português.
É possível comparar os resultados porque a escala Saeb, que é utilizada para toda a educação básica, é a mesma.
Observe a tabela abaixo:
NOTAS DA PROVA BRASIL DE DE MATEMÁTICA E PORTUGUÊS
Matemática 1º a 4º anos | Potuguês 1º a 4º | Matemática 5º a 9º anos | Português 5º a 9º | Matemática Ensino médio | Português Médio | |
Nota total Brasil | 209,63 | 190,58 | 252,77 | 245,20 | 274,83 | 268,57 |
Rede privada | 242,81 | 222,70 | 298,42 | 282,25 | 332,89 | 312,75 |
Rede pública | 204,58 | 185,69 | 244,84 | 238,77 | 265,38 | 261,38 |
Diferença socioeconômica
A nota na Prova Brasil é "fortemente dependente do nível socioeconômico", segundo Romualdo Portela de Oliveira, professor e pesquisador da Faculdade de Educação da USP (Universidade de São Paulo). Se o estudante vem de uma família com mais dinheiro, ele tem mais acesso a bens culturais que um aluno pobre.
É como se aluno da escola privada saísse com 50m de vantagem numa corrida de 100m, exemplifica a diretora-executiva do Todos Pela Educação, Priscila Cruz, fazendo, como ela mesma diz uma "simplificação tremenda". Segundo ela, se essa diferença for retirada, "a escola privada acrescentaria pouco". Por isso, o Estado precisaria "dar mais para quem tem menos" na visão de Priscila.
A Prova Brasil é aplicada de dois em dois anos em praticamente todas as escolas públicas e em algumas escolas particulares para medir o nível de conhecimento dos alunos. Juntamente com a taxa de aprovação, a nota dessa prova compõe o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), também calculado a cada dois anos.
Pior que o demonstrado
Por causa da importância do componente socioeconômico, Portela de Oliveira analisa que "o resultado educacional [do Ideb 2011] é pior que o crescimento demonstrado". Segundo ele, uma parte dos crescimentos apresentados é "reflexo do crescimento econômico do pais". Ele também considera importante contextualizar que o fato de existir um índice ajuda na promoção da melhora dele mesmo. Ou seja, a partir do momento em que o Ideb se torna mais conhecido, os diretores e os professores tendem a dar mais atenção à Prova Brasil e à taxa de aprovação (as duas variáveis da nota) e esse movimento já auxilia no aumento das notas.
O MEC divulgou o "boletim" da educação brasileira, com dados do Ideb. O resultado, apesar do crescimento em todos os ciclos avaliados, ainda é preocupante pois demonstra que a qualidade do ensino avançou pouco em termos educacionais.
As notas dos anos finais (5º-9º anos) do ensino fundamental (4,1) e do ensino médio (3,7) cresceram apenas 0,1. As notas dos anos iniciais do ensino fundamental (5,0) mantiveram o ritmo de crescimento de 0,4 como nas edições anteriores.
"Nos anos finais, também superamos a meta. Continua uma trajetória de crescimento consistente, é um resultado bastante significativo, mas não teve a mesma velocidade dos anos iniciais", afirmou o ministro Aloizio Mercadante (Educação) em coletiva de divulgação do Ideb.
segunda-feira, 13 de agosto de 2012
quarta-feira, 8 de agosto de 2012
Cinco perguntas
Autor(es): JR Guzzo
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Isto é - 30/07/2012
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Pede-se
às altas autoridades brasileiras, respeitosamente, a cortesia de
responder às perguntas feitas nas linhas abaixo, por serem de possível
interesse do público.
O
que a Receita Federal faz em relação a esses pacotes de dinheiro vivo
que políticos e funcionários do governo vivem enfiando nos bolsos e
bolsas? A Polícia Federal e o Ministério Público, a esta altura, já
poderiam ter montado uma cinemateca inteira com os vídeos que registram
essas cenas. Nunca acontece nada de sério com os indivíduos flagrados
metendo a mão na massa, é claro. Mas como fica a sua situação perante o
Fisco? Ninguém pode negar que recebeu, pois há prova filmada de que
todos receberam. O que colocam, então, em suas declarações de renda? Se
não declaram nem indicam a fonte pagadora, estão praticando sonegação.
Se declaram e pagam o imposto devido, a Receita poderia ser acusada de
estar cometendo crime de receptação, por receber parte de bens roubados.
Como é que fica?
Alguém
no Itamaraty poderia informar por que o Brasil tem embaixadas no
Azerbaijão, Mali, Timor-Leste, Guiné Equatorial, São Cristóvão e Névis,
Santa Lúcia, Botsuana, Nepal, Barbados e outros lugares assim? Seria
possível citar algum caso em que alguma dessas embaixadas fez alguma
coisa de útil para os contribuintes brasileiros ? Daria para descrever,
digamos, uma jornada de trabalho do embaixador brasileiro no Mali? A que
horas ele chega ao serviço – e, a partir daí, fica fazendo o quê, até
voltar para casa? Seria bom, também, saber até onde o Itamaraty quer
chegar. Pelas últimas contas, parece que existem hoje 193 países no
mundo, e o Brasil só tem 126 embaixadas; faltam mais 67, portanto. A
dura verdade é que não temos nada, por exemplo, na Micronésia, em
Kiribati ou em Tuvalu. Vamos ter?
Por
que, e principalmente por ordem de quem, o dr. Juquinha, ou José
Francisco das Neves, ficou oito anos inteiros, de 2003 a 2011, num
cargo-chave do programa nacional de ferrovias? Já é chato, para uma
Grande Potência, como quer ser o Brasil, ter na sua alta gerência um
cidadão que se faz chamar de “dr. Juquinha”. Mas o problema, mesmo, é
que o homem saiu dali quase diretamente para o xadrez, acusado de
acumular durante sua passagem pelo governo um patrimônio pessoal de 60
milhões de reais; a principal obra sob a sua responsabilidade, a
“Ferrovia Norte-Sul”, pagou às empreiteiras um “sobrepreço” de 100
milhões, só no trecho de Goiás. Ninguém, durante esse tempo todo, quis
saber como o dr. Juquinha enriquecia, a ferrovia não andava e a obra
ficava cada vez mais cara?
Qual
o destino da montanha de papel que a Agência Nacional de Vigilância
Sanitária, a Anvisa, obriga as 60 000 farmácias brasileiras a acumular
todo santo dia? Basta uma continha rápida para perceber a prodigiosa
quantidade de entulho que elas juntam na forma de receitas retidas,
fotocopiadas, carimbadas no verso, preenchidas a mão pelo balconista
etc. Sabe-se que hoje as farmácias têm de manter “livros de escrituração
manual” e que há, para o futuro, a promessa de um sistema “eletrônico”.
E no momento? A Anvisa verifica, um a um, cada papel desses? O que faz
com eles? Ainda no tema: como é possível, segundo informou há pouco a
revista EXAME, que 1250 pedidos de compra de equipamentos hospitalares
de última geração, críticos para salvar vidas, estejam retidos hoje pela
agência, que não autoriza sua entrada no Brasil?
Como
a empreiteira Delta se tornou a maior construtora de obras do PAC? Suas
atividades, como se vem apontando há pelo menos cinco anos, cobrem o
Código Penal de uma ponta à outra – está metida em corrupção, fraude,
falsificação, desvio de verbas, superfaturamento, lavagem de dinheiro,
formação de quadrilha, criação de empresas-laranja e por aí afora. Só no
ano passado, apesar de toda essa folha corrida, recebeu quase 900
milhões do governo federal. Será que a presidente Dilma Rousseff, nestes
seus dezoito meses no cargo, nunca teve a curiosidade, nem por um
instante, de saber quem era a empreiteira número 1 do seu PAC, do qual é
a própria mãe? Por que o PT e o governo fazem tanta força para que o
dono da empresa, Fernando Cavendish, não seja interrogado no Congresso,
como se guardasse o Terceiro Segredo de Fátima?
Estas
cinco indagações, e tantas outras, deveriam ser enviadas ao Ministério
de Perguntas Cretinas, pois é exatamente assim que todas elas são vistas
pelo governo. Mas esse ministério só existiu na imaginação de Millôr
Fernandes; está fazendo uma falta danada, entre os quase quarenta do
Brasil Grande de hoje.
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terça-feira, 7 de agosto de 2012
Argumentos contra o aumento de recursos para a educação manipulam e desinformam
http://www.correiocidadania. |
quarta-feira, 1 de agosto de 2012
O perigoso decreto antigreve do governo Dilma
publicada terça-feira, 31/07/2012 às 11:39 e atualizada terça-feira, 31/07/2012 às 11:16
Por Altamiro Borges, no Blog do Miro
Diante da ampliação da greve dos servidores públicos federais, que já dura mais de um mês e paralisa 25 categorias, o governo Dilma Rousseff apelou para o pior caminho. Baixou o Decreto 7.777, publicado no Diário Oficial da União nesta quarta-feira (25), que prevê a substituição dos grevistas dos órgãos federais por trabalhadores das redes públicas estaduais e municipais. A medida gerou imediata reação das centrais sindicais, que criticaram a postura antidemocrática do Palácio do Planalto.
CUT e CTB criticam a medida
Em nota oficial, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), que representa a maior parte das categorias em greve, repudiou a guinada autoritária do governo. “Esta inflexão do decreto governamental nos deixa extremamente preocupados. Reprimir manifestações legítimas é aplicar o projeto que nós derrotamos nas urnas. Para resolver conflitos, o caminho é o diálogo, a negociação e o acordo. Sem isso, a greve é a única saída”, afirma a nota.
Wagner Gomes, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), também foi incisivo na crítica à iniciativa: “O centro deste decreto é a tentativa de mobilizar fura-greves contra os funcionários públicos… Esta é uma atitude antissindical, cujo objetivo é procurar trabalhadores substitutos aos grevistas para esvaziar suas lutas e, jogando trabalhador contra trabalhador, enfraquecer seu movimento. O governo age, desta forma, como um patrão capitalista”.
Precedente perigoso e inconstitucional
Pelo decreto, os ministros e os supervisores de órgãos públicos federais são orientados a garantir o funcionamento dos serviços nas áreas atingidas pela greve. A norma orienta a realização de parcerias com governos estaduais e municipais para substituir os grevistas temporariamente – até o fim da paralisação. A medida coloca em risco, inclusive, determinados serviços prestados à população, como na vigilância sanitária e na fiscalização das fronteiras, dos portos e dos aeroportos.
Além de abrir um precedente perigoso contra qualquer paralisação no setor público, o decreto fere o próprio princípio constitucional, que garante o direito de greve aos trabalhadores. Para manter a maldição do superávit primário, nome fantasia da reserva de caixa dos banqueiros, o governo Dilma rompe o processo de diálogo, mostra-se inflexível na negociação e apela para a intimidação e para o uso de fura-greves. Um absurdo, que cobrará o preço do desgaste político.
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