06/11/2012,
23h08
Do UOL, em São Paulo
A casa da estudante Isadora Faber, 13, no bairro do Santinho, região norte de Florianópolis, foi apedrejada na noite dessa segunda-feira (5), segundo a própria relatou na comunidade "Diário de Classe", no Facebook. De acordo com a estudante, sua avó, de 65 anos, foi atingida pelas pedras.
"Ontem à noite, teve uma chuva de pedras em casa. Uma delas atingiu minha vó de 65 anos que sofre de uma doença degenerativa. Meus pais tomaram as providências e hoje levaram minha vó para fazer exames e para a polícia. Lá eles fizeram os exames de perícia, agora ela está em tratamento. Incrível como tem gente ignorante, gente que não tem mínimo de decência. Alguns coitados pensam que são donos de tudo e da verdade, pensam que podem nos intimidar, mas não vão conseguir", escreveu a adolescente.
A estudante relatou no Facebook o
apedrejamento de sua residência, que deixou sua avó ferida
Faber ficou conhecida por denunciar na comunidade do Facebook o sucateamento do colégio público em que estuda, a Escola Básica Municipal Maria Tomázia Coelho. Depois das denúncias, a garota contou que recebeu ameaças. Quanto ao ataque de ontem, Faber acredita ter sido motivada pelo fato de sua família ser do Rio Grande do Sul.
"Meus pais são gaúchos, mas moram aqui a (sic) 17 anos. Temos casa própria, e eu nasci aqui, sou mané da Carmela Dutra. Não iremos sair de nossa casa. Xenofobia é crime e já esta sendo investigado. Olhem como ficou o rosto da minha vó... a coitada nem sai de casa e foi a que sofreu as consequências dessa barbaridade, mas temos nossas desconfianças de quem é capaz dessa barbaridade", afirmou. A estudante registrou boletim de ocorrência na Polícia Civil.
Perfil de Isadora Faber
Mesmo depois da fama, a menina que arregimentou mais de 340 mil seguidores com uma página em que denuncia os problemas da escola pública em que estuda não pensou em parar. Pelo menos enquanto não muda para um colégio privado na cidade, para onde os pais pretendem mandá-la no ensino médio.Em uma casa próxima à praia, a garota vive como uma típica “manezinha”, nome dado a quem nasceu em Florianópolis. Filha de dois produtores de vídeo, Christian e Mel Leal, Isadora tem duas irmãs: Ingrid, 24, e Eduarda, 16. Foi a irmã mais velha, hoje na Dinamarca, quem sugeriu que Isa fizesse seu Diário, imitando a escocesa Martha Peyne, de nove anos.
Origem
Com um avô
dinamarquês, que viajava o mundo como funcionário da ONU, e uma avó
paraguaia, Isadora tinha tudo para ter nascido fora --azar da Escola Básica
Municipal Maria Tomázia Coelho, critica em sua página do Facebook
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Ficou
assustada com a pressão? "Não". Pensou em parar de postar críticas na
rede social? "Nunca". Respostas curtinhas, Isa não é mesmo de muitas
palavras. A caçula-celebridade-problema tem dois lados, um deles "é de
poucas palavras" e o outro "é de dedos afiados", explica a irmã
Eduarda.
Ela diz gostar
da escola. Isto porque "é a única que conheço desde a primeira
série", diz. Isa faz o ensino fundamental na escola pública, mas deve
fazer o ensino médio em escola particular. Mesmo caminho feito pela irmã Eduarda,
que hoje estuda no Energia, uma das escolas mais caras da cidade.
Responsabilidade
A rotina
escolar da garota não mudou apesar da fama. Ela continua despertando sozinha
pelo seu smartphone --o mesmo que usa para fotos do Facebook. Enquanto se ajeita
pra escola, a mãe dorme numa boa: "O horário é responsabilidade dela, tem
que ser independente", ensina Mel.
Após a Fama, Isadora Faber tenta manter a rotina escolar
A menina
"às vezes" toma um copo de leite e sempre caminha os 700 metros até a
escola, mesmo com chuva: "Minha mãe nunca me leva", resmunga,
apontando com nariz para o Mercedes-Benz de Mel, no pátio. A mãe se defende
dizendo que "desde que começou o rolo" vai caminhando com a filha na
escola, "só por precaução".
Merenda
Em relação à
merenda escolar, Isa se solta e torce o nariz. Ela critica a comida da escola
desde seus primeiros 'posts'
|
A agenda dela a curto prazo inclui viagens
para Bahia, Pernambuco e São Paulo, mas os pais, superprotetores, fazem de tudo para não alterar a rotina escolar.
Depois de seu
exemplo, estudantes por todo o Brasil criaram também seus diários de classe.
Isadora acompanha as iniciativas e dá um conselho sério para quem quiser fazer
denúncias contra outras escolas: "Tem que ter certeza do que está
escrevendo e usar fotos para comprovar".
Ela vê seu
Diário como jornalismo e diz que quando crescer vai seguir a carreira - e o
jornal que contratá-la que se cuide.
*Com
reportagem de Renan Antunes de Oliveira, em Florianópolis
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