Autor(es): JR Guzzo
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Isto é - 30/07/2012
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Pede-se
às altas autoridades brasileiras, respeitosamente, a cortesia de
responder às perguntas feitas nas linhas abaixo, por serem de possível
interesse do público.
O
que a Receita Federal faz em relação a esses pacotes de dinheiro vivo
que políticos e funcionários do governo vivem enfiando nos bolsos e
bolsas? A Polícia Federal e o Ministério Público, a esta altura, já
poderiam ter montado uma cinemateca inteira com os vídeos que registram
essas cenas. Nunca acontece nada de sério com os indivíduos flagrados
metendo a mão na massa, é claro. Mas como fica a sua situação perante o
Fisco? Ninguém pode negar que recebeu, pois há prova filmada de que
todos receberam. O que colocam, então, em suas declarações de renda? Se
não declaram nem indicam a fonte pagadora, estão praticando sonegação.
Se declaram e pagam o imposto devido, a Receita poderia ser acusada de
estar cometendo crime de receptação, por receber parte de bens roubados.
Como é que fica?
Alguém
no Itamaraty poderia informar por que o Brasil tem embaixadas no
Azerbaijão, Mali, Timor-Leste, Guiné Equatorial, São Cristóvão e Névis,
Santa Lúcia, Botsuana, Nepal, Barbados e outros lugares assim? Seria
possível citar algum caso em que alguma dessas embaixadas fez alguma
coisa de útil para os contribuintes brasileiros ? Daria para descrever,
digamos, uma jornada de trabalho do embaixador brasileiro no Mali? A que
horas ele chega ao serviço – e, a partir daí, fica fazendo o quê, até
voltar para casa? Seria bom, também, saber até onde o Itamaraty quer
chegar. Pelas últimas contas, parece que existem hoje 193 países no
mundo, e o Brasil só tem 126 embaixadas; faltam mais 67, portanto. A
dura verdade é que não temos nada, por exemplo, na Micronésia, em
Kiribati ou em Tuvalu. Vamos ter?
Por
que, e principalmente por ordem de quem, o dr. Juquinha, ou José
Francisco das Neves, ficou oito anos inteiros, de 2003 a 2011, num
cargo-chave do programa nacional de ferrovias? Já é chato, para uma
Grande Potência, como quer ser o Brasil, ter na sua alta gerência um
cidadão que se faz chamar de “dr. Juquinha”. Mas o problema, mesmo, é
que o homem saiu dali quase diretamente para o xadrez, acusado de
acumular durante sua passagem pelo governo um patrimônio pessoal de 60
milhões de reais; a principal obra sob a sua responsabilidade, a
“Ferrovia Norte-Sul”, pagou às empreiteiras um “sobrepreço” de 100
milhões, só no trecho de Goiás. Ninguém, durante esse tempo todo, quis
saber como o dr. Juquinha enriquecia, a ferrovia não andava e a obra
ficava cada vez mais cara?
Qual
o destino da montanha de papel que a Agência Nacional de Vigilância
Sanitária, a Anvisa, obriga as 60 000 farmácias brasileiras a acumular
todo santo dia? Basta uma continha rápida para perceber a prodigiosa
quantidade de entulho que elas juntam na forma de receitas retidas,
fotocopiadas, carimbadas no verso, preenchidas a mão pelo balconista
etc. Sabe-se que hoje as farmácias têm de manter “livros de escrituração
manual” e que há, para o futuro, a promessa de um sistema “eletrônico”.
E no momento? A Anvisa verifica, um a um, cada papel desses? O que faz
com eles? Ainda no tema: como é possível, segundo informou há pouco a
revista EXAME, que 1250 pedidos de compra de equipamentos hospitalares
de última geração, críticos para salvar vidas, estejam retidos hoje pela
agência, que não autoriza sua entrada no Brasil?
Como
a empreiteira Delta se tornou a maior construtora de obras do PAC? Suas
atividades, como se vem apontando há pelo menos cinco anos, cobrem o
Código Penal de uma ponta à outra – está metida em corrupção, fraude,
falsificação, desvio de verbas, superfaturamento, lavagem de dinheiro,
formação de quadrilha, criação de empresas-laranja e por aí afora. Só no
ano passado, apesar de toda essa folha corrida, recebeu quase 900
milhões do governo federal. Será que a presidente Dilma Rousseff, nestes
seus dezoito meses no cargo, nunca teve a curiosidade, nem por um
instante, de saber quem era a empreiteira número 1 do seu PAC, do qual é
a própria mãe? Por que o PT e o governo fazem tanta força para que o
dono da empresa, Fernando Cavendish, não seja interrogado no Congresso,
como se guardasse o Terceiro Segredo de Fátima?
Estas
cinco indagações, e tantas outras, deveriam ser enviadas ao Ministério
de Perguntas Cretinas, pois é exatamente assim que todas elas são vistas
pelo governo. Mas esse ministério só existiu na imaginação de Millôr
Fernandes; está fazendo uma falta danada, entre os quase quarenta do
Brasil Grande de hoje.
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quarta-feira, 8 de agosto de 2012
Cinco perguntas
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