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sábado, 29 de dezembro de 2012

O mensalão ianque e o dia que durou 21 anos

Fonte: http://www.blogdacidadania.com.br/2012/11/o-mensalao-ianque/


Em 1964, Lincoln Gordon era o embaixador dos EUA no Brasil: ele comprou políticos e a mídia.


O que este país mais precisa, neste momento histórico, é de doses cavalares de… memória. Só revendo o passado é que poderemos avaliar o presente e projetar o futuro. Para tanto, porém, teremos de retroceder no tempo. Voltaremos, neste texto, a cerca de meio século.
Em um momento em que só se fala em “mensalões” – petistas, tucanos etc. –, um documento histórico nos propiciará enxergar o que até hoje permanece nas sombras: o maior mensalão de todos os tempos, bem como coincidências impressionantes entre o ontem e o hoje, as quais continuam a nos roubar a tranquilidade quanto à democracia que, a duras penas, ainda pelejamos para construir no Brasil.
O documentário O dia que durou 21 anos (2011) é uma produção da TV Brasil com a Pequi Filmes, com direção de Camilo Tavares, filho de uma das vítimas da ditadura. O material apresenta os bastidores da participação do governo dos Estados Unidos no golpe militar de 1964.
Sim, muitos já assistiram, mas a esmagadora maioria dos brasileiros infelizmente não viu, o que explica a ignorância e a perenidade de tantas mentiras sobre aquele período histórico, que, meio século depois, a grande mídia brasileira mantém vivas.
Esse material imprescindível, que deveria figurar em todos os currículos escolares dos quatro cantos do País, mostra como e por que os Estados Unidos decidiram interferir na política interna do Brasil.
Documentos inéditos e oficiais, amparados em depoimentos de acadêmicos norte-americanos e brasileiros, revelam como, sob o pretexto do avanço comunista em Cuba, os Estados Unidos vieram ao Brasil e compraram, literalmente, políticos, governos estaduais e, acima de tudo, meios de comunicação, que enriqueceram graças à intervenção americana.
Uma frase dos golpistas manipulados pelo governo norte-americano abre o documentário: “Aqueles que não amam a revolução, ao menos devem temê-la.”
Era a senha para o terror que sobreviria por mais de duas décadas, durante as quais verdadeiros facínoras, travestidos de militares, roubaram a nação ao custo de sequestros, torturas e assassinatos.
Uma rica coleção de documentos oficiais e confidenciais norte-americanos, que vazaram há poucos anos, comprovam cada letra do parágrafo anterior, narrando, minuto a minuto, a estratégia ianque desde pouco antes do golpe militar de 1964 até o dia 2 de abril daquele ano.
O documentário não trata do desenrolar da ditadura, mas de como os Estados Unidos, por intermédio de seu então embaixador no País, Lincoln Gordon, ao custo de incontáveis milhões de dólares compraram consciências e colocaram como seus empregados todos os atores do golpismo que sequestrou e manteve cativo um país inteiro durante mais de duas décadas.
O Brasil, então uma potência emergente, a maior da América Latina, entregava aos ianques o sangue e o suor de seu povo. Homens como Jango Goulart e Leonel Brizola, porém, ameaçavam os “interesses” da potência estrangeira. E o que era “pior”: eram apoiados pelo povo.
Para eliminar a ameaça “comunista” a seus “interesses”, sob a crença insana de que a América Latina lhes pertencia os EUA, fizeram de seu embaixador no país um agente secreto, alguém que se tornou um dos mais relevantes personagens da história brasileira.
Gordon chegou ao Brasil ainda no governo Jânio Quadros, que renunciaria e deixaria o vice-presidente, Jango Goulart, em seu lugar. O objetivo da nomeação desse “diplomata” fluente em português era, escancaradamente, o de transformar a embaixada norte-americana em um mero departamento da CIA.
Gordon abraçou a causa com ardor. E foi por meio de seu empenho, das idiossincrasias de um único homem, que a maior potência militar e econômica daquela época transformou em um inferno as vidas de dezenas de milhões de brasileiros.
Para seduzir a elite branca, dona de imensidões de terra, de indústrias e, sobretudo, de jornais, rádios e televisões, as ideias de Jango e Brizola sobre reforma agrária cairiam como uma luva.
Os ianques pouco se importavam com os interesses econômicos dessa elite, mas tais interesses lhes seriam úteis para evitar que uma nação do porte do Brasil se tornasse “não uma Cuba”, como diziam, mas “uma China”, dada a já imensa população nacional.
O que mais impressiona em O dia que durou 21 anos é o depoimento de Robert Bentley, então assistente de Gordon. Grande parte das afirmações que você acaba de ler foi confirmada e até relatada por esse homem.
Se você leu, nos últimos anos – talvez em jornais como Estadão ou Folha ou em revistas como a Veja –, que o governo Lula teria inaugurado uma “república sindicalista” no Brasil, saiba que a expressão nasceu nos momentos que antecederam o golpe de 1964.
Eis a primeira das muitas coincidências que sobrevirão.
Em documentos oficiais do governo norte-americano de então, é dito, explicitamente, que o que deveria desencadear o golpe não seria o interesse dos brasileiros, mas o dos Estados Unidos, ou seja, o golpe foi dado por brasileiros com a finalidade de satisfazer outro país.
O presidente norte-americano era John Fitzgerald Kennedy. Esse que alguns até hoje consideram herói cometeu crimes inomináveis contra nosso país de forma a roubá-lo, nem que, para isso, milhões de brasileiros tivessem que pagar o preço. Para tanto, fez com que a agência de inteligência ianque, a CIA, começasse a expandir suas ações no país, começando por São Paulo.
Empresas norte-americanas concessionárias de serviços como energia ou telefonia tinham suas concessões vencendo em um quadro em que não tinham cumprido as exigências do Brasil para que se instalassem aqui. Dependia do governo brasileiro, portanto, renová-las ou não. Era nosso direito. Mas os norte-americanos só aceitariam uma decisão…
Com efeito, o combate midiático ao tamanho do Estado que se vê ainda hoje começou muito antes. Quando você lê num desses veículos supracitados o inconformismo de editorialistas com essa questão, na verdade está dando uma mirada no passado.
As televisões norte-americanas, então, apresentavam longos programas sobre o risco de o Brasil se insurgir contra seus interesses. E avisavam: “Para onde o Brasil for a América Latina irá junto.”
Abertamente, portanto, Kennedy falava à sua nação que seu governo “não aceitaria” uma decisão eleitoral do povo brasileiro que contrariasse seus interesses. E ameaçava: “Temos recursos, habilidade e força para proteger nossos interesses”.
Os Estados Unidos, porém, não precisariam de tanto. Bastaria usarem a carteira.
Primeiro, os norte-americanos tentaram comprar o povo brasileiro – e os de outros países da América Latina – despejando na região quantidades imensuráveis de dinheiro por meio de um programa que intitularam “Aliança para o Progresso”.
Segundo Bentley declarou em O dia que durou 21 anos, eram gastos em educação, agricultura, infraestrutura: “Fale em um setor e ali estava o dinheiro da Aliança”, disse ele.
Não foi suficiente. O dinheiro norte-americano não comprava nem o governo João Goulart nem o povo, que continuava apoiando aquele governo. Assim, sob recomendação de Gordon, os Estados Unidos decidiram que era preciso “organizar as forças militares e políticas contra o governo”.
Kennedy, então, passou a literalmente comprar os opositores de Goulart no Congresso brasileiro, em governos estaduais e, sobretudo, na imprensa. Veículos como o jornal O Estado de S.Paulo e O Globo passaram a ser receptáculos de quantidades pornográficas de dólares desembolsados pelos Estados Unidos.
Os beneficiários da dinheirama ianque, em contrapartida, tinham de organizar uma campanha de “enfraquecimento” e de “desestabilização” do governo federal. Para esse fim, a arma mais importante foi a… imprensa.
Para que os recursos chegassem aos destinatários, uma trama criminosa foi engendrada. O mensalão ianque, que corromperia a imprensa, parlamentares e governadores de Estado como Carlos Lacerda, chamava-se Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais (Ipes). Escritórios dessa agência do golpe foram abertos em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Porto Alegre.
A imprensa, subsidiada pelo Ipes, passou a fazer campanha anticomunista relatando os “horrores” da União Soviética, de Cuba etc. O empenho anticomunista domou Estadão, Globo e Folha, primeiro, através do bolso.
Esses veículos passaram a verter, dia após dia, acusações e críticas de “descalabro administrativo” e de “corrupção” contra o governo brasileiro. Não passava um único dia sem que torrentes de matérias nesses veículos, entre outros, fossem despejadas sobre o povo.
Informações falsas ou manipuladas eram plantadas na mídia, que, como hoje, pouco admitia uma mísera opinião divergente ou dava destaque a desmentidos. E, se dava, era sempre em proporção absurdamente desigual. Sem falar que muitos assuntos eram simplesmente vetados.
A grande mídia de então inundava tudo que podia com propaganda contra o governo. Cinemas, jornais, rádios, novelas. Tudo. Não havia como escapar de coberturas como as que o Jornal Nacional fez diariamente contra o governo Lula e continua fazendo contra o governo Dilma.
Tudo muito bem pago por dinheiro subtraído ilegalmente do erário norte-americano e repassado, mensalmente, aos escritórios do Ipes, que, por sua vez, repassavam, além de a meios de comunicação, também a parlamentares, que passavam a votar no Congresso como queria o presidente… Dos Estados Unidos.
Qualquer semelhança com o que se passa hoje não é mera coincidência. Se você acredita em mim, pode parar por aqui. Do contrário, assista, abaixo, à primeira parte do documentário O dia que durou 21 anos. Já vai bastar, pois o resto da história você conhece.

"EU SOU A MÃE DE ADAM LANZA"

Liza Long é admirável. Queria que mais gente tivesse essa clareza de idéias. Não entendo como a sociedade pode ser tão cega. Acho que a doença não é do atirador, mas sim da sociedade inteira.
Abços,

Luiz.

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Como a tentativa de enfrentar doenças mentais com hipermedicação ou mesmo cadeia favorece, nos EUA, tragédias como a de Newtown
Por Liza Long, em The Blue Review | Tradução: Inês Castilho

Três dias antes de Adam Lanza, 20 anos, matar sua mãe, e abrir fogo contra uma classe cheia de crianças em Connecticut, meu filho Michael (nome fictício), de 13 anos, perdeu o ônibus da escola porque estava usando calças que não eram as do uniforme.

“Eu posso ir com essas calças”, disse ele, o tom crescentemente agressivo, as pupilas negras engolindo as íris azuis.
“Elas são azul marinho”, respondi. “Sua escola diz que as calças só podem ser pretas ou cáqui”.
“Eles me disseram que eu podia usar dessa cor”, insistiu. “Você é uma vaca idiota. Posso usar as calças que bem entendo. Estamos na América, tenho direitos”.
“Você não pode usar as calças que bem entende”, eu disse, em tom afável, razoável. “E definitivamente não pode me chamar de vaca idiota. Você está proibido de brincar com seus jogos eletrônicos pelo resto do dia. E agora entre no carro que vou levá-lo para a escola.”

Vivo com um filho que tem uma doença mental. Amo meu filho, mas ele me apavora.
Algumas semanas atrás, Michael puxou uma faca e ameaçou me matar e depois se suicidar, quando o mandei devolver à biblioteca livros que já estavam vencidos. Seus irmãos de 7 e 9 anos já conhecem o esquema de segurança – antes mesmo que eu mandasse, correram para o carro e trancaram as portas. Eu consegui tirar a faca das mãos do Michael, e então recolhi metodicamente todos os objetos pontiagudos da casa e os guardei num pote de plástico que agora anda colado em mim. Enquanto isso, ele continuava, aos gritos, a me insultar e ameaçar me matar ou me ferir.

Aquele conflito acabou com três corpulentos policiais e um paramédico contendo meu filho para colocá-lo em uma maca, de onde seguiu para uma dispendiosa viagem de ambulância até a unidade de saúde de emergência mais próxima. O hospital psiquiátrico não tinha leito naquele dia, e Michael se acalmou no pronto socorro. Depois, eles nos mandaram para casa com uma receita de Zyprexa e uma consulta marcada com um psiquiatra infantil.

A gente ainda não sabe o que Michael tem. Espectro do autismo, ADHD, Transtorno Desafiador ou Desordem Explosiva Intermitente – todos eles foram sugeridos nos vários encontros com oficiais de condicional, assistentes sociais, conselheiros e professores e administradores da escola. Ele está metido num pântano de medicações antipsicóticas e alteradoras do humor, uma novela russa de planos comportamentais. Nada parece funcionar.

No início do sétimo ano, Michael foi aceito em um programa intensivo para estudantes superdotados em matemática e ciência. Seu QI está acima da média. Quando está de bom humor, ele de bom grado falará sobre assuntos que vão da mitologia grega às diferenças entre a física einsteiniana e newtoniana. Está de bom humor grande parte do tempo. Mas, quando não está, é preciso cuidado. E é impossível prever o que o deixará fora de si.

Depois de algumas semanas em sua nova escola, Michael começou a exibir comportamentos cada vez mais estranhos e ameaçadores. Decidimos transferi-lo para o programa local de comportamento mais restritivo, um ambiente escolar contido onde crianças que não podem conviver em classes normais podem reivindicar seu direito a cuidados públicos e gratuitos das 7h30 às 13h50, de segunda a sexta, até completarem 18 anos.

Na manhã do incidente das calças, Michael continuou a argumentar comigo no carro. Ao fim, pediria desculpas e se mostraria cheio de remorsos. Pouco antes de chegar à escola, ele disse: “Mãe, me desculpa. Posso jogar vídeo game hoje?”

“De jeito nenhum”, respondi. “Você não pode agir como agiu de manhã e pensar que terá seus privilégios de volta tão rapidamente.”
Seu rosto assumiu uma expressão fria, e seus olhos ficaram cheios de uma raiva calculada. “Então vou me matar”, ele disse. “Vou pular fora do carro e me matar.”
Isso aí. Depois do incidente da faca, eu disse para ele que, se falasse essas coisas de novo, eu o levaria direto para o hospital psiquiátrico, sem se, e ou mas. Não fiz mais nada, exceto virar o carro na direção oposta, para a esquerda ao invés da direita.

“Onde você está me levando?”, ele disse, repentinamente preocupado. “Aonde estamos indo?”
“Você sabe aonde estamos indo”, respondi.
“Não! Você não pode fazer isso comigo! Você está me mandando para o inferno! Está me mandando direto para o inferno”.
Estacionei em frente ao hospital, acenando freneticamente para um dos médicos que estava de pé ali fora. “Chame a polícia”, eu disse. “Correndo.”
Michael já se encontrava então totalmente fora de si, gritando e batendo. Eu o abracei apertado, de modo que não pudesse escapar do carro. Ele me mordeu várias vezes e cravou os cotovelos na minha caixa torácica repetidamente. Ainda sou mais forte que ele, mas isso não vai durar muito tempo.

A polícia veio rapidamente e levou meu filho gritando e chutando para dentro das entranhas do hospital. Comecei a tremer, e meus olhos se encheram de lágrimas conforme eu preenchia a ficha de entrada: “há dificuldades com… em que idade seu filho… havia problemas com… seu filho alguma ver experimentou… seu filho fez…”

Pelo menos agora temos seguro de saúde. Recentemente aceitei um emprego em uma faculdade local, desistindo da minha carreira como freelancer, porque quando você tem uma criança como essa, precisa de benefícios. Faz qualquer coisa para conseguir esses benefícios. Nenhum plano individual de saúde cobre esse tipo de coisa.

Durante dias, meu filho insistiu que eu estava mentindo – que fiz tudo aquilo pra me livrar dele. No primeiro dia, quando liguei para saber como estava, ele disse, “eu te odeio. E vou me vingar assim que sair daqui.”

No terceiro dia, ele era novamente o meu menino doce e calmo, todo remorsos e promessas de tornar-se melhor. Venho ouvindo essas promessas durante anos, não acredito mais nelas.
Na pergunta do formulário, “Quais suas expectativas quanto ao tratamento?”, escrevi, “Preciso de ajuda”.
E é verdade. Esse problema é grande demais para eu resolvê-lo sozinha. Às vezes não há boas opções. Então o que você tem a fazer é só orar e confiar que, em retrospectiva, as coisas vão fazer sentido.

Estou compartilhando essa história porque sou a mãe de Adam Lanza. Sou a mãe de Dylan Klebold e de Eric Harris. Sou a mãe de James Holmes. Sou a mãe de Jared Loughner. Sou a mãe de Seung-Hui Cho. E esses jovens – e suas mães – precisam de ajuda. No despertar de outra horrenda tragédia nacional, é fácil falar sobre armas. Mas é tempo de falar sobre doença mental.

De acordo com a revista Mother Jones, de 1982 para cá ocorreram 61 assassinatos em massa envolvendo armas de fogo nos Estados Unidos. Dentre os matadores, 43 eram homens brancos, e apenas uma era mulher. O foco da Mother Jones foi em se os assassinos obtiveram suas armas legalmente (a maioria conseguiu). Mas sinais de doença mental extremamente visíveis, como esses, poderiam nos levar a considerar quantas pessoas nos EUA vive com medo, como eu.

Quando perguntei ao assistente social do meu filho sobre minhas opções, ele disse que a única coisa que eu poderia fazer seria dar um jeito de acusá-lo de algum crime. “Se ele voltar ao sistema prisional, será fichado”, disse. “É o único modo de conseguir alguma coisa. Ninguém vai prestar atenção a você a não ser que faça acusações contra ele.”

Não creio que meu filho seja caso de cadeia. O ambiente caótico exacerba a sensibilidade de Michael a estímulos sensoriais e não é capaz de lidar com a patologia subjacente. Mas parece que os Estados Unidos estão usando a prisão como solução para pessoas mentalmente doentes. De acordo com o Human Rights Watch, o número dos doentes mentais nas prisões dos EUA quadruplicou de 2000 a 2006, e continua a aumentar. Na verdade, o índice de doentes mentais entre a população encarcerada é de 56%, cinco vezes maior do que a da população não prisioneira.

Com os centros de tratamento e hospitais estatais fechados, as prisões são agora o último lugar a se recorrer em caso de doença psiquiátrica – Rikers Island, County Jail de Los Angeles e Cook County Jail em Illinois abrigaram os maiores centros de tratamento do país em 2011.

Ninguém deseja mandar para a cadeia um gênio de 13 anos de idade que ama Harry Potter e sua coleção de animais. Mas nossa sociedade não nos dá outras opções, com seu estigma à doença mental e seu sistema de saúde fragmentado. Então outra alma torturada atirará em um restaurante fast food. Em um shopping. Uma classe de jardim da infância. E a gente vai juntar as mãos e dizer, “Alguma coisa precisa ser feita.”

Concordo que alguma coisa precisa ser feita. É tempo de termos uma conversa ampla e significativa sobre doença mental. É o único modo de a nossa nação poder curar-se de verdade.


 
Liza Long é escritora, música e estudiosa da antiguidade clássica. Também é mãe de quatro crianças brilhantes e amadas, uma delas com necessidades especiais.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Crack, a epidemia da farsa



Escrito por Paulo Silveira

Sábado, 15 de Dezembro de 2012

Com certeza vivemos um momento especial de nossa história, a importância da diversidade cultural ficou ainda mais evidente com a facilidade de comunicação, tornando fundamental o indivíduo ter status de cidadão, condizente com o lugar que habita. Mas o cidadão capaz de transformar seus sonhos em realidade ameaça um sistema que sobrevive à custa da submissão, de estabelecer padrões comportamentais a partir de conceitos frágeis, criados de acordo com seus interesses e mãos pesadas para castigar os que ousam questioná-los.alt


“Você costuma sonhar?”, perguntou (...) um repórter de TV a uma criança de uns dez anos, bóia-fria, (...).
“Não”, disse a criança espantada com a pergunta.
“Eu só tenho pesadelo”. (Paulo Freire)

Dentro dessa ética, a “normalidade” deve prevalecer como a única alternativa, tornando necessário que se eliminem os que apontam novos caminhos ou falhas no sistema, nem que para isso tenha de se recorrer à barbárie, ao encarceramento, seja como criminoso, seja como doente, sob a justificativa de tratá-lo.

A estratégia política para conquista do apoio popular à barbárie é a mesma há séculos: cria-se um inimigo social através da difusão de dogmas, até que eles se tornem verdades absolutas. Como dizia Goebbels, ministro de propaganda de Hitler, “uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade”. O passo seguinte é promover o pânico na sociedade, ao atribuir a esse fictício inimigo todos os males momentâneos, como os nazistas fizeram com os judeus e a ditadura militar, no Brasil, com os comunistas. Ao criar-se o pânico, abre-se a possibilidade de estabelecer medidas de exceção para o combate ao suposto inimigo.

Nesse momento, a existência de populações em situação de rua é um forte fator ameaçador para realização dos grandes eventos em nosso país, como foi a Rio + 20, e serão a Jornada Católica, a Copa do Mundo e as Olimpíadas, estando em jogo bilhões de reais em obras superfaturadas que são justificadas apenas pela realização desses grandes eventos. É necessário eliminar tudo que ameace a realização desses eventos. A guerra ao CRACK surge como aliado perfeito.

É colocada em prática a velha e surrada estratégia. A veiculação sistemática na mídia de matérias confusas a respeito do crack não permite ao cidadão comum formar um quadro condizente com a realidade, levando-o a acreditar nos disparates veiculados a esse respeito. Cria-se o pânico e a justificativa para implantação de medidas de exceção.

O respaldo “científico” surge com a chegada de um psiquiatra com um currículo respeitável sob os olhares de nossa cultura e dono de clínica privada para tratamentos de usuários de drogas com alto poder aquisitivo e defensor, obviamente, de medidas de exceção para tratamento de usuários de crack.

A administração dos “abrigos”, para internação das CRIANÇAS e ADOLESCEBNTES usuários de crack, foi entregue à ONG Tesloo, com longo histórico de desvio de verbas, segundo o Tribunal de Contas do Município (algo em torno de R$ 130 milhões de reais). Além de comandada por um major da PM aposentado, acusado de 42 mortes, respondendo a processo criminal, conforme denúncia em matérias d’O Dia publicadas em 25, 26, 27, 28, 29 e 30 de outubro de 2012 (http://www.rebomeg.com.br/p/reportagens-atuais.html).

Assim, em março de 2011, foi implantado o “programa de internação compulsória de crianças e adolescentes usuárias de crack”, através de portaria da Secretaria Municipal de Assistência Social, disponibilizando 150 vagas para internação – número irrisório diante do triste universo existente. Não bastassem todos os desmandos e irregularidades cometidos nesse programa pela prefeitura do Rio de Janeiro, nem a dita portaria se cumpre. Nesse período, a prefeitura fez mais de 700 recolhimentos compulsórios de crianças e adolescentes nas ruas do Rio, tendo internado pouco mais de 200 pessoas, ao custo de R$ 28 mil reais por interno ao mês, só aumentando o caos na cidade.

O desmando e a certeza da impunidade são tantos que pesquisa feita pela própria prefeitura da cidade do Rio de Janeiro com as crianças e adolescentes internados em seus abrigos para supostamente serem tratados do vício do uso do crack aponta que somente 19% delas eram usuárias de crack. Alguns, inclusive, nem usuários de drogas eram, e mesmo assim foram mantidos aprisionados e tratados como se usuários fossem, por meses a fio, tomando medicamentos, tendo sido internados pelo simples fato de terem sido encontrados nas “cracolândias” quando lá os agentes da prefeitura estiveram.

Mais absurdo tudo isso se torna quando constatamos que as cracolândias são um produto desse mesmo Estado. A ocupação de alguns territórios da cidade, militarmente, seja oficialmente, através das UPPs, ou oficiosamente, através das milícias, provocou uma perda de espaço de circulação dessa população. Junte-se a isso o fato de a grande maioria dos atos de violência contra a população em situação de rua ser promovida exatamente por agentes governamentais.

Assim, não resta outra saída a essa população, a não ser se reunirem onde se sintam protegidas e os agentes do Estado não tenham livre trânsito: pontos de comércio de drogas.

A junção de uma população abandonada com pontos de vendas de drogas só poderia gerar a intensificação do consumo de drogas, principalmente do crack, por ser extremamente barato, acabar com a fome e o medo.

Parece óbvio que a questão do crack, assim como qualquer comportamento estranho a nossa cultura, não se resolve com aprisionamento, internação compulsória (vejam as experiências com os antigos manicômios, das prisões), mas certamente com a inclusão social de seus agentes, garantindo a todos os direitos fundamentais, como saúde, educação, moradia, trabalho e justiça.

“Quando os nazistas levaram os comunistas, eu calei-me, porque, afinal, eu não era comunista.
Quando eles prenderam os sociais-democratas, eu calei-me, porque, afinal, eu não era social-democrata.
Quando eles levaram os sindicalistas, eu não protestei, porque, afinal, eu não era sindicalista.
Quando levaram os judeus, eu não protestei, porque, afinal, eu não era judeu.
Quando eles me levaram, não havia mais quem protestasse”.

Martin Niemöller


Paulo Silveira é membro do movimento da sociedade civil “Respeito é BOM e eu gosto!” que luta pelos direitos dos portadores de distúrbios psicossociais, familiares e afins, dentre eles os usuários de drogas compulsivos.

Website: www.reBOMeg.com.br

sábado, 15 de dezembro de 2012

Polícia Federal investiga possível fraude envolvendo as urnas eletrônicas

14/12/2012 - 04h30

PF apura acusação de fraude em eleições do Rio


DO RIO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A PF (Polícia Federal) apura uma acusação de que houve fraude nas eleições municipais no Estado do Rio de Janeiro a partir da violação na transmissão dos votos pelo sistema on-line do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Segundo afirmações de um hacker que pediu para não ter o nome publicado, colegas alterariam a pedido de políticos e partidos o resultado das eleições antes da totalização dos votos pela Justiça Eleitoral.
Isso ocorreria, segundo ele, por meio da obtenção fraudulenta de login e senha de acesso ao sistema. As investigações começaram a partir de suas declarações.
Ele diz que a invasão ocorreria depois da transmissão de 50% dos dados das urnas eletrônicas para o Tribunal Regional Eleitoral.
Segundo o hacker, a invasão teria sido feita por meio do sistema de transmissão de dados on-line da empresa de telecomunicações Oi.
A Oi informou, por meio de sua assessoria, que o sistema é seguro. O TSE, que também já manifestou várias vezes em ocasiões anteriores que o sistema é seguro, disse que só se pronunciará caso o resultado de alguma votação seja questionado judicialmente.
Não há queixas de partidos sobre diferenças entre o resultado impresso no boletim (feito após o encerramento da eleição, sem transmissão on-line) e a totalização, a cargo da Justiça Federal.
O inquérito para apurar o caso foi aberto pela PF antes do segundo turno. No dia das eleições (28 de outubro), a corporação acompanhou a "invasão" junto com o hacker delator, mas afirma que nada foi comprovado.
O monitoramento foi feito a partir do laptop em Vitória (ES) sobre as eleições de três cidades fluminenses. Após a operação, o equipamento foi apreendido para perícia.
À Folha o hacker disse que resolveu falar sobre a suposta fraude após testemunhar um grupo manipular a apuração de votos de Saquarema (RJ) a favor da prefeita reeleita Franciane Motta (PMDB), mulher do presidente da Assembleia Legislativa do Rio, deputado Paulo Melo (PMDB). Em nota, ele afirmou que "nunca trabalhou com esta pessoa, e jamais o contratou para trabalhar em campanhas". (VENCESLAU BORLINA FILHO E LEONARDO VIEIRA)
 

Editoria de Arte/Folhapress

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Tarifas bancárias: como se livrar delas

Fonte: http://www.youtube.com/user/OtarioAnonymous




Quer se livrar das tarifas bancárias abusivas que você paga para sua conta corrente ou poupança?
Siga os passos a seguir

# Verifique no site de seu banco se você realmente utiliza todos os serviços que existem no pacote oferecido. Caso você não necessite destes serviços, você tem duas opções:
_______________________________________________________
Opção 1 - Mudando para conta de serviços essenciais

# Caso não necessite, dirija-se imediatamente à sua agência e solicite a alteração da modalidade de sua conta corrente para "Conta de Serviços Essenciais", que é isenta de tarifas!

http://sites.google.com/site/canaldootario/home/servicos-essenciais

Acima está o link para download de um documento para a solicitação de abertura de conta corrente (ou poupança) do tipo "Serviços Essenciais". Utilize este documento caso o seu banco se recuse em efetuar a abertura ou alteração da conta de serviços essenciais.

# Mesmo abrindo a conta de "Serviços Essenciais", verifique se o banco não está lhe empurrando nenhuma tarifa "escondida" como:
- Seguro contra roubo de cartão
- Seguro de vida
- Anuidade de cartão de crédito, etc

Você não é obrigado a aceitar nada disto para abrir a Conta de Serviços Essenciais!!!
_______________________________________________________
Opção 2 - Abrindo uma conta digital (iConta)

# Esta modalidade possibilita realizar transferências bancárias ilimitadas, depósitos e retiradas, consultar saldos, fazer pagamentos de contas. Além disso, você pode acompanhar sua conta-corrente via e-mail e SMS. No entanto, essa modalidade não é útil para muitas pessoas, pois não permite a utilização de cheques e faz cobrança extra pelo atendimento pessoal nas agências bancárias.

Fontes e Links úteis:

Resolução CMN 3.919, de 2010.
http://www.bcb.gov.br/htms/normativ/RESOLUCAO3919.pdf

Resolução CMN 3.516, de 2007.
https://www3.bcb.gov.br/normativo/detalharNormativo.do?method=detalharNormati...

Para efetuar uma reclamação online junto ao Banco Central
https://www3.bcb.gov.br/rdr/preparaDemanda.paint?method=inicializar&natur...

Para a solução de problemas relacionados a Tarifas Bancárias, o Banco Central faz a seguinte recomendação: o cidadão deve procurar a própria instituição que lhe prestou o serviço ou comercializou o produto financeiro. Se as tentativas de solução por meio da agência ou posto de atendimento ou ainda dos serviços telefônicos ou eletrônicos de atendimento ao consumidor não apresentarem resultado, o cidadão deve procurar a ouvidoria da instituição. As ouvidorias são componentes concebidos para atuar como canal de comunicação entre essas instituições e os clientes e usuários de seus produtos e serviços, inclusive na mediação de conflitos, nos termos da Resolução CMN 3.849 e da Circular 3.503, ambas de 2010. Em caso de insucesso, o cidadão poderá encaminhar sua demanda para os órgãos de defesa do consumidor competentes.
Atendimento eletrônico do Procon de SP
http://www.procon.sp.gov.br/atendimento.asp

Definição de 'Pessoa Natural': corresponde ao ser humano dotado de razão, de inteligência, com capacidade de entender, de portar-se segundo uma lógica e de submeter a si os demais seres do universo.
http://estudosdedireitocivil.blogspot.com.br/2008/07/das-pessoas-naturais.html

Regras da Poupança (Banco Central)
http://www.bcb.gov.br/pre/portalCidadao/indecon/poupanca.asp?idpai=PORTALBCB

"65% dos depósitos da poupança são destinados a operações de financiamento habitacional" (Brasil.gov)
http://www.brasil.gov.br/noticias/arquivos/2010/12/17/mudancas-na-destinacao-...

Perguntas frequentes Banco Central -- Tarifas Bancárias
http://www.bcb.gov.br/pre/bc_atende/port/servicos5.asp?idpai=faqcidadao1

Reclamações e denúncias mais freqüentes (Banco Central do Brasil)
http://www.bcb.gov.br/pre/portalCidadao/bcb/recDenFreq.asp?idpai=RECLAMACAODE...

Perguntas frequentes - Tarifas Bancárias (Pro-teste)
http://www.proteste.org.br/ServiceSelector/TarifasBancarias/BR/Faq.aspx#0

Comparador online de tarifas bancárias
http://www.proteste.org.br/ServiceSelector/TarifasBancarias/BR/

Revista do Idec - Conta gratuita é um direito (pesquisa)
http://www.idec.org.br/uploads/revistas_materias/pdfs/167-pesquisa-bancos1.pdf

Relatórios anuais (Itaú)
http://ww13.itau.com.br/PortalRI/HTML/port/infofinan/rao.shtml

Tarifas MaxiConta Itaú
http://www.itau.com.br/conta_corrente/tarifas/tar_maxiconta.htm

Conselho Monetario Nacional
http://www.fazenda.gov.br/portugues/orgaos/cmn/cmn.asp